São Paulo, sábado, 29 de agosto de 2009

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JOSÉ GERALDO COUTO

Make love, not war


A volta de Vágner Love ao futebol brasileiro pode significar um respiro nestes tempos bélicos e sisudos


NÃO ESTOU comemorando com atraso os 40 anos de Woodstock, e sim a volta de Vágner Love aos trópicos (mais precisamente ao Parque Antarctica, porque nada é perfeito). O Palmeiras, que já tinha Obina, conta agora com dois atacantes sorridentes, pitorescos, cheios de amor para dar.
E, como diz a letra do Pato Fu, "o amor é importante, porra". Sobretudo nestes tempos bélicos, em que jogadores se digladiam em campo, torcedores matam uns aos outros nas ruas e dirigentes invadem vestiários com brucutus armados para intimidar treinador e atletas, como aconteceu nesta semana na Portuguesa.
Tudo na trajetória de Vágner Love parece o roteiro de um filme meio cômico, meio lírico. Ganhou o apelido, como se sabe, aos 17 anos, quando atuava nos juniores do Palmeiras e foi flagrado com uma moça na concentração. A diretoria alviverde o afastou então da Copa São Paulo, mas, a pedido dos companheiros, ele voltou para atuar nas finais e acabou o torneio como artilheiro.
Ajudou o Palmeiras a sair da Série B em 2003 e no ano seguinte confirmou sua vocação de artilheiro. Em 66 partidas pelo Palmeiras, marcou 49 gols, o que dá a notável média de 0,74 gol por jogo.
Quando foi contratado pelo CSKA, em 2004, perguntaram-lhe se não temia o frio que iria encontrar em Moscou. Malandro ingênuo, Vágner, carioca de Bangu, respondeu: "Tudo bem. Eu já me acostumei com o frio de São Paulo".
Contra todas as previsões, adaptou-se bem à Rússia, tornando-se artilheiro e ídolo do CSKA, com o qual conquistou três Campeonatos Russos, três Copas da Rússia e uma Copa da Uefa.
Em 2005, outro lance folclórico.
Anunciou sua contratação pelo Corinthians e chegou a dar uma entrevista coletiva com a camisa do clube alvinegro por perto. Só tinha se esquecido de combinar com o CSKA, que vetou a transação, obrigando Love a voltar com o rabo entre as pernas para a gélida Moscou.
Uma figura assim torna mais interessante, mais humano, o nosso futebol. "Está faltando delicadeza", disse Xico Sá, anteontem, no "Cartão Verde", da Cultura, referindo-se à maneira como o São Paulo demitiu Muricy. Sim, Xico, falta delicadeza.
E também, e sobretudo, amor.

A metralhadora de Diego
Consciente de que vivemos num grande teatro, também chamado de "sociedade do espetáculo", Diego Maradona reaqueceu a rivalidade Brasil x Argentina, às vésperas de um novo confronto entre as duas seleções, na entrevista que concedeu ao site da Fifa e que foi divulgada na última quarta-feira.
Desancou Pelé (seu esporte favorito) e disse que na Copa de 1990 o gol de Caniggia que desclassificou o Brasil saiu porque Dunga tentou dar um pontapé nele, Maradona, e não acertou nem o jogador nem a bola. Mas o mais surpreendente foi a declaração de que o chute dado em Batista na Copa de 1982, que causou a expulsão de Maradona da partida contra o Brasil, era na verdade endereçado a Falcão, que teria feito firulas para provocar os argentinos.
Ou seja, de vez em quando nem o segundo maior futebolista de todos os tempos escapa da estupidez.

jgcouto@uol.com.br

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