São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2010

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO pvc@uol.com.br

Dois lados da crise


Uma semana após a noite divina contra o Vitória, o Palmeiras voltou à realidade


NICK HORNBY descreve, em "Febre de Bola", o que é torcer por um time grande em jejum de títulos. O sonho de ganhar o campeonato se transforma numa crença semelhante à que se tem em Deus. Há os que simplesmente não acreditam. E há os que têm fé, ainda que não tenham nenhum indício concreto para acreditar em sua existência.
A descrição de Hornby é o retrato falado do Palmeiras hoje.
Uma semana depois da noite divina contra o Vitória, o palmeirense voltou à realidade com a derrota para o Atlético-GO. Sobram motivos para ser ateu. O elenco frágil, a diretoria cansada, a oposição burra. O clube abriu mão de 18 jogadores que começaram o ano no Parque Antarctica. Há casos como Diego Souza e Cleiton Xavier, que rechearam os cofres, outros como Paulo Henrique, Bruno Paulo e Ivo, que chegaram em abril e não emplacaram agosto. Seria motivo justo para cravar um candidato da oposição em janeiro, se os opositores fossem um pouco mais nobres.
Uma boa decisão de Luiz Gonzaga Belluzzo na presidência foi renegociar a dívida bancária de R$ 53 milhões, ainda que um dos pais desse débito seja seu vice- -presidente Gilberto Cipullo. Bel-luzzo financiou esse valor em cinco anos e, com isso, trocou parcelas mensais de R$ 2,6 milhão, entre juros e amortizações, por R$ 1,2 milhão. O saldo positivo de R$ 1,4 milhão oferece fôlego, mas a oposição enviou carta ao BMG, que financia a dívida, afirmando que não honrará o compromisso se vencer as eleições.
O argumento é que Belluzzo empurrou o débito para seu sucessor. A pergunta é: por que a oposição atual deixou como herança dívidas fiscais superiores a R$ 40 milhões e de IPTU de R$ 30 milhões? O IPTU atrasado foi um dos agentes a emperrar o início das obras da nova arena.
A guerra política interfere no futebol do clube, porque tira energia e atenção daqueles que deveriam oferecer a Felipão as condições ideais de trabalho. Quando chegou ao Palmeiras pela primeira vez, em 1997, Felipão era o técnico. Hoje, em 13º lugar no Brasileirão, precisa ser o Messias.
Em 15º lugar, no dia em que visita o líder Fluminense, o São Paulo é a antítese da tese de Hornby. O presidente Juvenal Juvêncio sabe que tem um problema e não sabe como solucioná-lo. Se o São Paulo não vencer hoje, pode ser obrigado a demitir Sérgio Baresi. Mas a crise tem duas diferenças: 1. sabe-se quem manda; 2. a alma são-paulina duvida do fracasso. A palmeirense não acredita no sucesso.


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