São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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JOGOS ABERTOS

Competição, que teve 8.300 atletas e foi 6,4% maior que edição anterior, acabou ontem em Franca

Gigantismo já ameaça "olimpíada caipira"

MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL

Maior competição multiesportiva do país, os Jogos Abertos do Interior foram encerrados ontem em Franca (400 km de São Paulo) com o sexto título seguido de São Caetano do Sul e uma preocupação: o tamanho do evento.
Em sua 66ª edição, os Jogos tiveram a participação de cerca de 8.300 atletas de 169 cidades, em 20 modalidades, que representam três recordes para o evento.
No ano passado, cerca de 7.800 atletas, de 165 cidades, haviam competido em São José do Rio Preto, em 19 modalidades.
Um aumento de 6,4% no número de participantes e que acompanha uma tendência acentuada nos Jogos de 2001, quando o crescimento havia sido de 30%.
Em Santos, há dois anos, cerca de 6.000 atletas participaram do evento vindos de 130 cidades.
Na edição anterior, em Araraquara, havia mais cidades envolvidas -148-, mas o número de participantes fora semelhante.
"Um dos principais questionamentos é sobre o aumento dos Jogos. Sabemos que não podemos inchá-los demais, porque, caso contrário, limitará cada vez mais o número de cidades que poderão ser sede", afirma Luiz Antônio Chorilli, chefe do Comitê Dirigente, órgão do Estado de São Paulo responsável pela organização.
Segundo Chorilli, são dois os principais problemas a serem equacionados na organização dos Jogos. "Primeiro, a dificuldade em se oferecer alojamento para todos os atletas, técnicos e dirigentes. Depois, a falta de praças esportivas adequadas."
Na disputa da competição em Santos, há dois anos, a insuficiência de alojamentos já havia obrigado os organizadores a apelarem à vizinha São Vicente, para o "empréstimo" de escolas, locais onde as delegações das cidades costumam se hospedar.
Segundo o Comitê Dirigente, as delegações serão consultadas após o fim da competição sobre as condições dos Jogos Abertos, inicialmente, por meio de um questionário que costuma ser entregue a cada edição.
Neste ano, pela primeira vez foram incluídas questões sobre o gigantismo da competição.
"Temos algumas idéias em mente. Por exemplo, existe o interesse na criação dos Jogos Paraolímpicos do Interior. Porque essas provas só podem acontecer em cidades que ofereçam instalações adequadas", diz Chorilli.
Atualmente, as provas para atletas deficientes integram o programa dos Jogos Abertos.
Outra hipótese aventada pelo dirigente para amenizar os efeitos do inchaço é a organização conjunta entre duas ou mais cidades.
"Temos um precedente. Em 1997, Cerquilho, Boituva e Tietê organizaram uma edição bem-sucedida dos Jogos Regionais".
Para o presidente da Fundação Pró-Esporte, Miguel Pires, responsável pela organização dos Jogos Abertos em Santos, em 2000, e também no próximo ano, o crescimento suscita ainda a discussão de outras questões.
"É necessário decidir a quem competem os direitos de comercialização dos Jogos, em todas as áreas. Hoje existe uma indefinição, que prejudica a exploração. E vamos pedir um aumento da verba destinada pelo Estado."
Hoje, segundo o Comitê Dirigente, a transmissão da competição por um canal pago rende retorno apenas de visibilidade.
Para a disputa da competição em Franca, o Governo de São Paulo entrou com R$ 250 mil. O valor é igual ao que foi investido na edição passada e representa cerca de 53% do orçamento total estimado para o evento.
"Esse número [do Estado] costuma ser fixo. À cidade-sede cabe a contrapartida e a busca dos investidores", afirma Chorilli.



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