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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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FUTEBOL

O Cruzeiro e Schumacher

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Cruzeiro disparou na liderança, o Grêmio afundou mais ainda, mas o fato mais impactante do fim de semana foi a goleada sofrida pelo Corinthians em Caxias. Perder de 6 a 1 para o Juventude, um dos últimos colocados do campeonato, foi a gota d'água que faltava para a saída de Geninho. Para variar, sobrou para o técnico. Não estou dizendo que ele não tenha sua parcela de responsabilidade pelo fracasso do time. Mas a diretoria, que desmantelou a equipe e conduziu uma política estapafúrdia de contratações, vai continuar.
Como já escrevi aqui, o mais triste dessa decadência corintiana é que ela ameaça queimar toda uma nova geração de possíveis bons jogadores, lançados na fogueira, sem nenhuma preparação, num time de alta rotatividade e sem estrutura tática definida.
Quem saiu da equipe na leva de negociações está dando graças a Deus. Quem ficou deve estar doido para sair.
O próprio Geninho não tinha mesmo mais muito o que fazer no Parque São Jorge. Só estava servindo de bode expiatório. Se ele não estivesse com o time em Caxias, ontem, qual seria a desculpa que os dirigentes arranjariam? A neblina da serra gaúcha, talvez. Ou os pontos corridos.
 
O Cruzeiro abriu oito pontos de vantagem sobre os vice-líderes e tudo indica que será o campeão. Mas ontem, contra o Vitória, no Mineirão, não jogou o grande futebol que o fez chegar aonde está.
Talvez tenha sentido a falta de Maurinho, que dá mais rapidez aos contra-ataques da equipe pela direita, ou talvez tenha sentido a boa marcação do Vitória. O fato é que a esquadra azul esteve um tanto travada e sem inspiração.
O time baiano, por sua vez, jogou muito bem e merecia o empate. Só não o conseguiu porque Gomes não deixou, comprovando o chavão de que um grande time começa com um grande goleiro.
 
O fato de o Cruzeiro ter disparado na liderança está sendo usado, inevitavelmente, pelos inimigos dos pontos corridos. Ou seja: para eles, uma equipe que se destaca, fazendo uma campanha bem melhor que a de seus adversários, deve ser punida e correr o risco de perder o trabalho de toda uma temporada num lance fortuito contra, digamos, o oitavo colocado do torneio.
Michael Schumacher, ao vencer ontem o GP dos EUA, ficou com uma mão na taça do Mundial de F-1. Várias vezes, a exemplo de outros pilotos, foi campeão por antecipação. Nem por isso algum gênio pensou em fazer um mata-mata entre os principais pilotos como forma de manter o interesse no campeonato.
Vale insistir: na Europa, todos os grandes torneios nacionais são por pontos corridos e o público é excelente E lá, como mostrou uma reportagem recente da Folha, os títulos se concentram em poucos clubes, em comparação com o que ocorre no Brasil.
Por que, então, não pode dar certo aqui?

Restos de beleza
Mesmo com a queda visível de nível técnico no segundo turno do Brasileirão, continuam ocorrendo alguns lances memoráveis. Destaco dois, entre outros, da semana que passou: o gol de bicicleta de Scheidt (sim, ele mesmo) pelo Atlético-MG contra o São Caetano, na quinta-feira, e o toque de letra de Hugo, no quinto gol do Juventude na goleada de ontem.

Adeus de Taffarel
Taffarel se aposenta no momento certo. Se continuasse atuando, correria o risco de fechar melancolicamente uma carreira brilhante. Ele foi, como bem notou Rodrigo Bueno, o atleta que mais contribuiu para a boa imagem dos goleiros brasileiros. Na seleção, teve uma trajetória só comparável às de Gilmar e Leão.


E-mail jgcouto@uol.com.br


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