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FUTEBOL
O Cruzeiro e Schumacher
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Cruzeiro disparou na liderança, o Grêmio afundou
mais ainda, mas o fato mais impactante do fim de semana foi a
goleada sofrida pelo Corinthians
em Caxias. Perder de 6 a 1 para o
Juventude, um dos últimos colocados do campeonato, foi a gota
d'água que faltava para a saída
de Geninho. Para variar, sobrou
para o técnico. Não estou dizendo
que ele não tenha sua parcela de
responsabilidade pelo fracasso do
time. Mas a diretoria, que desmantelou a equipe e conduziu
uma política estapafúrdia de contratações, vai continuar.
Como já escrevi aqui, o mais
triste dessa decadência corintiana é que ela ameaça queimar toda uma nova geração de possíveis
bons jogadores, lançados na fogueira, sem nenhuma preparação, num time de alta rotatividade e sem estrutura tática definida.
Quem saiu da equipe na leva de
negociações está dando graças a
Deus. Quem ficou deve estar doido para sair.
O próprio Geninho não tinha
mesmo mais muito o que fazer no
Parque São Jorge. Só estava servindo de bode expiatório. Se ele
não estivesse com o time em Caxias, ontem, qual seria a desculpa
que os dirigentes arranjariam? A
neblina da serra gaúcha, talvez.
Ou os pontos corridos.
O Cruzeiro abriu oito pontos de
vantagem sobre os vice-líderes e
tudo indica que será o campeão.
Mas ontem, contra o Vitória, no
Mineirão, não jogou o grande futebol que o fez chegar aonde está.
Talvez tenha sentido a falta de
Maurinho, que dá mais rapidez
aos contra-ataques da equipe pela direita, ou talvez tenha sentido
a boa marcação do Vitória. O fato
é que a esquadra azul esteve um
tanto travada e sem inspiração.
O time baiano, por sua vez, jogou muito bem e merecia o empate. Só não o conseguiu porque Gomes não deixou, comprovando o
chavão de que um grande time
começa com um grande goleiro.
O fato de o Cruzeiro ter disparado na liderança está sendo usado,
inevitavelmente, pelos inimigos
dos pontos corridos. Ou seja: para
eles, uma equipe que se destaca,
fazendo uma campanha bem melhor que a de seus adversários, deve ser punida e correr o risco de
perder o trabalho de toda uma
temporada num lance fortuito
contra, digamos, o oitavo colocado do torneio.
Michael Schumacher, ao vencer
ontem o GP dos EUA, ficou com
uma mão na taça do Mundial de
F-1. Várias vezes, a exemplo de
outros pilotos, foi campeão por
antecipação. Nem por isso algum
gênio pensou em fazer um mata-mata entre os principais pilotos
como forma de manter o interesse
no campeonato.
Vale insistir: na Europa, todos
os grandes torneios nacionais são
por pontos corridos e o público é
excelente E lá, como mostrou
uma reportagem recente da Folha, os títulos se concentram em
poucos clubes, em comparação
com o que ocorre no Brasil.
Por que, então, não pode dar
certo aqui?
Restos de beleza
Mesmo com a queda visível de
nível técnico no segundo turno
do Brasileirão, continuam
ocorrendo alguns lances memoráveis. Destaco dois, entre
outros, da semana que passou:
o gol de bicicleta de Scheidt
(sim, ele mesmo) pelo Atlético-MG contra o São Caetano, na
quinta-feira, e o toque de letra
de Hugo, no quinto gol do Juventude na goleada de ontem.
Adeus de Taffarel
Taffarel se aposenta no momento certo. Se continuasse
atuando, correria o risco de fechar melancolicamente uma
carreira brilhante. Ele foi, como
bem notou Rodrigo Bueno, o
atleta que mais contribuiu para
a boa imagem dos goleiros brasileiros. Na seleção, teve uma
trajetória só comparável às de
Gilmar e Leão.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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