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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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AUTOMOBILISMO

Alemão dá aula em Indianápolis e agora tem apenas Raikkonen em seu caminho para o sexto título na F-1

Schumacher está a um ponto do recorde

Brent Smith/Reuters
Michael Schumacher comemora a 70ª vitória da carreira em cima de sua Ferrari em Indianápolis


FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A INDIANÁPOLIS

Chovia granizo em Indianápolis quando Michael Schumacher chegou aos boxes da Ferrari. Sisudo, sem o sorriso habitual, colocou seu capacete, as luvas, entrou na Ferrari número um. Do lado de fora dos boxes, poucas câmeras de TV. Àquela altura do dia, ele não era notícia. Era, afinal, apenas o sétimo no grid.
Instantes depois, largou para o GP dos EUA. E colocou as coisas no lugar. Deu uma das maiores demonstrações de pilotagem dos últimos anos, venceu, cravou a melhor volta e colocou as mãos no inédito hexacampeonato.
Seus adversários decepcionaram. Apoiado por 40 mil torcedores colombianos nas arquibancadas, Juan Pablo Montoya pareceu ter sentido o peso da responsabilidade. Fez uma besteira atrás da outra e terminou só em sexto. Está fora da disputa pelo título.
Kimi Raikkonen, o pole, foi um piloto apagado. Não ofereceu resistência e terminou em segundo. Teve, pelo menos, o mérito de levar a decisão para a última etapa.
Não proclamar Schumacher campeão agora, porém, soa até como preciosismo. A disputa já está praticamente encerrada. Apenas um desastre em Suzuka tira o sexto título mundial -o quarto consecutivo- do alemão.
"Tudo aconteceu aqui, foi uma grande e importante vitória", disse o alemão, após a prova.
Por mais insano que pareça, ele começou o GP como coadjuvante. Largando em sétimo, atrás de Raikkonen e de Montoya, parecia ter à frente um dia complicado.
Tudo começou a virar antes mesmo da largada, com as nuvens escuras que tomaram conta do céu de Indianápolis. Era o que Schumacher esperava. Primeiro porque, na chuva, os pneus da Bridgestone são mais eficientes que os Michelin. Segundo porque o alemão é o maior vencedor em pista molhada da história da F-1.
Na largada, ainda com piso seco, começou a primeira escalada à liderança. Saindo do lado limpo da pista, ultrapassou os três que estavam à sua frente pelo lado par do grid, mais sujo e, portanto, menos aderente: Fernando Alonso (sexto no grid), Montoya (quarto) e Rubens Barrichello (segundo).
Manteve-se em quarto lugar nas primeiras voltas e, quando ia partir para o ataque, começou a cair uma garoa fina no circuito.
Com pneus para seco, passou a perder rendimento. Caiu para sexto lugar e precisou esperar o asfalto secar, algumas voltas depois, para voltar a atacar.
Na 14ª das 73 voltas, com o asfalto razoavelmente seco, o alemão então iniciou o seu show.
Àquela altura da corrida, era o sexto colocado. Cinco voltas depois, mantendo-se na pista enquanto seus adversários iam para os boxes, assumiu a liderança.
Foi a vez, então, de a Ferrari embaralhar tudo. Apesar da chuva, a escuderia chamou Schumacher para os boxes e colocou pneus para seco em seu carro. Resultado: um pit extra, na volta seguinte.
A indecisão teve um preço caro. Schumacher voltou ao zero. Ou melhor, para a mesma sétima posição que ocupara no grid.
Era a hora de mais um show. No braço e acelerando muito forte, ele ultrapassou David Coulthard, Justin Wilson, Alonso, Raikkonen, Heinz-Harald Frentzen e Jenson Button. Todos, até mesmo o piloto finlandês, pareciam retardatários, tal a facilidade do alemão em ganhar posições.
Na 38ª volta, Schumacher já era novamente líder. Ele só perdeu a liderança temporariamente, na 48ª volta, quando foi para os boxes fazer sua última troca de pneus. Recuperou a ponta no giro seguinte, mantendo-a até receber a bandeirada de Tony George, o dono do mítico autódromo.
A 70ª vitória do alemão só foi ameaçada fora da pista, uma hora após a prova, numa tentativa de recurso da McLaren. A equipe inglesa alegou que ele teria ultrapassado Olivier Panis, sob bandeira amarela no início da corrida.
A apelação, meio que no desespero, não funcionou. Duas horas depois da bandeira quadriculada, o resultado oficial foi confirmado. Nada, ontem, seria capaz de parar o pentacampeão.


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