São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

O volante venceu o meia

A COMPARAÇÃO entre Muricy Ramalho e Adílson Batista, proposta por São Paulo x Cruzeiro, é feita há anos pelo diretor do Figueirense, José Carlos Lages: "Adílson é o melhor técnico que passou pelo Figueirense. E o Muricy trabalhou aqui."
A frase é aprovada por parte da torcida são-paulina, a facção que não apóia Muricy. Uma das razões dos tricolores ranzinzas é o time sem meias. Nisso, Adílson também é o contraponto do técnico são-paulino. Ter um camisa 10 é marca registrada de seus times, desde o Figueirense -lá era Cícero, hoje é Wagner.
Na quarta, Adílson estudava o jogo contra o São Paulo e tinha seu meia como referência. Tentava desvendar quem Muricy usaria para marcar Wagner. Pensava em Zé Luís e insistia na tese mesmo lembrado do desfalque do zagueiro Miranda e da volta do volante Jean, que poderiam levar Zé Luís à zaga ou à lateral -como aconteceu. "Acho que será o Zé Luís", dizia Adílson.
Jean foi escalado como marcador de Wagner e ganhou o duelo de longe. Marcou tanto que acabou com a importância do meia.
Adílson será ótimo, como prevê José Carlos Lages, mas Muricy tem uma característica que ainda falta ao cruzeirense: experiência. É o que ajuda a entender que Jean já está pronto para a missão mais importante do jogo, apesar da pouca idade. Houve outros pontos fortes no São Paulo, como André Dias, o menos badalado e mais regular dos zagueiros de Muricy no Brasileirão, ao lado de Miranda.
A marcação de Jean, porém, é emblemática. Mostra que, no futebol de hoje, meia não é sinônimo de criatividade. No primeiro tempo, o São Paulo ia ao ataque com Joílson, Hernanes e Hugo. Levou perigo no cruzamento de Joílson e nas bolas paradas de Jorge Wagner. O gol que abriu a vitória nasceu de bola parada, o oitavo passe para gol de Jorge Wagner, líder de assistências.
O Cruzeiro, com Wagner apagado, ia ao ataque com Ramires, como elemento-surpresa. Quando perdeu seu volante criativo, o time sumiu.
O São Paulo ainda não parece lutar pelo tri. Segue marcando muito e criando pouco. Mas, como vence os jogos importantes -e o Cruzeiro perde-, está mais perto da Libertadores que o rival de ontem.

FALTA CRIAR
Na sexta, Roberto Fernandes não previa usar contra-ataques. "Nossa torcida exige o time no ataque o tempo todo." O técnico do Náutico mentiu primeiro e defendeu depois. O Palmeiras teve posse de bola, mas parou na marcação. E deu contra-ataque, revelando que deve criatividade sob forte marcação.

AMBIÇÃO
Vandinho entrou no Fla aos 29min do 2º tempo, e a virada sobre o Sport veio a partir do gol de Juan, aos 36min. Com ele, Marcelinho Paraíba joga de armador. Por que Caio Jr. não mexeu antes? "Marcelinho não agüenta ser armador o tempo todo". O técnico explorou bem Marcelinho o quanto pôde.

VANTAGEM DO MEIA
Alex joga como segundo atacante, do Inter, apesar da camisa 10. Mas não pára na frente. Volta até a intermediária e arrasta com ele um zagueiro, ontem o gremista Réver. Aí abre-se o espaço para D'Alessandro e Nilmar. D'Alessandro, meia de verdade, deslocava-se pela ponta e abria espaço para o Inter jogar ou dava o passe para o gol de Nilmar. Problemas táticos evidentes tiraram o Grêmio da liderança folgada e ameaçam sua ida à Libertadores.


Texto Anterior: Mea-culpa: Douglas diz ter falhado
Próximo Texto: Cariocas agonizam juntos na rabeira
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.