São Paulo, terça-feira, 29 de setembro de 2009

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otimismo

Rio-16 já trabalha com segundo turno

Em Copenhague, candidatura brasileira tenta seduzir eleitores da cidade que for eliminada no início do pleito de sexta

"Nenhum de nós vai se pendurar no pescoço deles", diz executivo da campanha sobre o lobby às vésperas da escolha da sede dos Jogos

Keld Navntoft/Efe
Policiais dinamarqueses fazem checagem de segurança em volta do Bella Center, na capital dinamarquesa, que receberá a eleição da sede da Olimpíada de 2016

RODRIGO MATTOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A COPENHAGUE

A Rio-2016 já conta com a classificação para o segundo turno da eleição do COI (Comitê Olímpico Internacional). Tanto que, nos últimos dias da corrida olímpica na Dinamarca, trabalha pelos votos dos eleitores da cidade que for eliminada na primeira rodada.
A escolha da cidade-sede dos Jogos de 2016 será na sexta-feira. No primeiro turno, 97 membros do COI votarão entre Rio, Madri, Tóquio e Chicago. Se uma cidade não vencer com maioria, a última colocada será eliminada e haverá outra rodada, com a mesma regra. Ou seja, a eleição pode ter três turnos.
Desde a semana passada em Copenhague, a cúpula da candidatura brasileira prefere assediar, de forma discreta, os membros do COI que são ligados às cidades adversárias.
""Sabemos que quase todos os votos dos eleitores na cidade preferida já estão fechados neste momento. Temos agora que preparar o segundo voto. É nisso que trabalhamos", declarou o secretário-geral da Rio-2016, Carlos Roberto Osório.
A confiança do executivo vem da avaliação do relatório do COI ao projeto do Rio, que foi classificado como o "melhor" pela entidade olímpica, segundo o presidente do comitê, Carlos Arthur Nuzman. Mas não há nota que mostre de forma objetiva quem está à frente.
"Não recebemos nenhuma luz vermelha, no máximo amarela", justificou o dirigente sobre os 17 itens avaliados.
Além disso, Nuzman viajou pelo mundo para fazer lobby, principalmente por países da África e da Ásia. São esses fatores, em conjunto com o apoio do governo, que dão ao comitê brasileiro confiança na passagem ao segundo turno.
Assim, em Copenhague, o trabalho de lobby brasileiro está sendo feito mais suavemente, apesar da proximidade com os eleitores, que aos poucos começam a chegar à cidade.
Pelo menos três integrantes da candidatura brasileira estão hospedados no hotel que abriga os membros do COI em Copenhague: Nuzman, que faz parte do comitê, Osório e Pelé.
""A partir de agora, a nossa estratégia é se colocar à disposição de forma tranquila. Nenhum de nós vai se pendurar no pescoço deles. Vamos assim até o final", explicou Osório.
Além dos 97 membros do COI que votam no primeiro turno, os integrantes dos países candidatos (sete, no total) também têm direito a participar do pleito. Mas só após a eliminação das suas cidades. É nesse contexto que entra outra estratégia: o acordo entre os governos brasileiro e espanhol para apoio em caso de derrota de Rio ou Madri no primeiro turno.
Ontem, no hotel do COI, havia até um clima de confraternização entre executivos das duas candidaturas, que conversavam animadamente.
Sinal dos tempos. A relação já foi conflituosa. Em maio, a Rio-2016 descobriu um ""espião'" espanhol acompanhando a visita de inspeção do COI. Era um jornalista inglês, que trabalhou para a candidatura espanhola.
Além da preparação para um eventual segundo turno, o Rio ainda aposta em uma apresentação final emocionante para conquistar os poucos votos remanescentes. O contato de eleitores com o Pelé também é considerado um trunfo.
"Ainda tem gente que decide na última hora", afirmou Nuzman. Ele ressaltou que tem de haver atenção com a apresentação porque uma pergunta complicada pode atrapalhar a situação de uma candidatura. Fora um tropeço inesperado, a Rio-2016 já se vê mais à frente.


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