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Tóquio-2016 se escora em Jogos orgânicos e gente
Apesar do baixo grau de apoio da população, comitê alega que eventos de ponta irão desenvolver "cultura esportiva"
À parte da crise interna que envolve economia e até taxa de natalidade, país usa Jogos para criar "floresta sobre o mar" e refazer infraestrutura
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
RAUL JUSTE LORES
EM TÓQUIO
Uma candidatura orgânica,
em consonância com o fluxo de
crescimento da cidade e com
ênfase no investimento nas
pessoas, tanto no caso dos desportistas como no do público. É
esse o quadro, composto por diversas peças, que é pintado pela
campanha de Tóquio-16.
E a cidade tem motivos para
se preocupar com as pessoas,
mais do que com as obras. O Japão tem o mais baixo índice de
natalidade do mundo, a população que envelhece mais rapidamente e uma economia que
deixou de crescer há 19 anos.
""Desde seus estágios iniciais,
os Jogos têm sido planejados
em colaboração com atletas",
argumenta Ichiro Kono, cabeça
da candidatura Tóquio-2016.
""O fato de as instalações serem
no coração da cidade assegurará a participação do público."
Apesar de um ponto fraco
dos japoneses ser o apoio popular -apenas 56% da população
quer uma Olimpíada na cidade-, os líderes da campanha
argumentam que tem sido realizado forte investimento na
cultura esportiva no país.
Apontam que o Japão, e Tóquio em particular, tem recebido vários Mundiais ou competições com igual status, como o
de judô por equipes, em 2008,
passando pela Liga Mundial e o
Grand Prix de vôlei e o Mundial
de ginástica artística, previsto
para 2011, entre outros.
A aclimatação de delegações
para Pequim-08 entra nessa
aritmética, no sentido de que
teria ajudado a depurar o gosto
da população pelos esportes.
Para a população local e turistas, a programação de Tóquio-16 contempla clínicas esportivas de diversas espécies
para que as pessoas, ainda que
nas ruas, tomem parte de atividades ligadas à Olimpíada.
A vila e demais instalações
estarão integradas à cidade, o
que fará com que os visitantes
conheçam a cidade. Evitará que
retornem a seus países com a
sensação de ter visitado embaixada olímpica, não Tóquio.
Um ponto levantado como
problema para os japoneses foi
a eleição do primeiro-ministro,
Yukio Hatoyama, do Partido
Democrata. Quebrou domínio
de décadas do Partido Liberal-
-Democrata, porém, já enviou
carta ao COI confirmando
apoio à candidatura de Tóquio.
Pesam ainda contra a candidatura o alto custo de vida, congestionamentos e poluição.
Tadao Ando, um dos mais famosos arquitetos do mundo, foi
nomeado chefe de planejamento do plano diretor de Tóquio-
-16. Um programa chamado ""A
Grande Mudança" propõe criar
uma ""floresta sobre o mar" às
margens da baía de Tóquio.
A cidade ainda exibe um plano de obras de dez anos, que será realizado "com ou sem os Jogos". Mas uma edição da Olimpíada funcionaria como catalisador para essas obras.
Por mais contraditório que
pareça, dentro da linha de valorização das pessoas, um dos
mais fortes argumentos da candidatura tem a ver com obras.
Trata-se do eventual reaproveitamento, em 2016, de instalações usadas em Tóquio-64.
""O Japão aderiu ao Movimento Olímpico há exatos cem
anos, em 1909, agora é a hora de
nos levantarmos para devolver
ao movimento os benefícios
que recebemos", conclui Kono.
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