São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002

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AUTOMOBILISMO

Principais mudanças no regulamento estão na distribuição de pontos e no treino para formação do grid

Em busca do show, F-1 copia estilo da Indy

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na prática, pode até funcionar. Mas, na teoria, é contraditório.
Em busca do show, da retomada do crescimento e de olho nos índices de audiência, a F-1 adotou ontem uma série de regras que seguem o estilo da Indy, categoria que vive a pior crise de sua história e que luta para não sucumbir.
A reunião da Comissão de F-1 da FIA (entidade máxima do automobilismo), na Inglaterra, produziu resultados surpreendentes.
No total, foram aprovadas quatro mudanças no regulamento para a próxima temporada (veja quadro). Dessas, apenas uma, a que trata do fornecimento de pneus, estava entre as nove sugestões feitas por Bernie Ecclestone (comandante da área comercial da F-1) e Max Mosley (presidente da FIA) no começo do mês.
Mudanças que eram dadas como certas por Tamas Rohonyi, promotor do GP Brasil e integrante da comissão, não passaram. Foi o caso, por exemplo, da limitação para o uso de motores.
As duas propostas mais radicais -lastro nos carros mais velozes e revezamento de pilotos- mereceram só um comentário de Mosley, na entrevista após a reunião.
"Nós sentimos que essas duas idéias colocariam muita gente sob pressão. Não quisemos impor nenhuma dificuldade extra para os pilotos", disse o dirigente inglês. "Achamos que a mudança nos treinos já será suficiente para trazer novo ânimo ao campeonato."
Mosley se refere ao novo sistema para formação do grid, semelhante ao que a Indy utiliza em seus circuitos ovais: os pilotos entrarão na pista um de cada vez e terão direito a uma volta lançada.
A ordem de entrada será definida na sexta-feira, também em uma volta lançada -nesse dia, os pilotos irão para a pista seguindo a classificação do campeonato. Os mais rápidos na sexta entrarão na pista por último no sábado.
A outra mudança "à la Indy" está na pontuação do campeonato. A partir de 2003, os oito primeiros colocados em cada corrida receberão pontos -para dar mais equilíbrio à disputa, a categoria norte-americana distribui pontos para os 20 primeiros colocados.
Essa decisão é um marco para o esporte. Em 52 anos de história, a zona de pontuação da F-1 nunca englobou mais do que seis pilotos.
Os resultados dessa medida são discutíveis. Se já estivesse vigorando neste ano, a nova pontuação não seria suficiente para adiar o título de Schumacher: o alemão seria pentacampeão com a mesma antecedência de cinco GPs. Ao final do ano, a Ferrari teria 249 pontos, contra 132 da Williams.
A comissão ainda deixou em aberto a possibilidade de limitar o número de testes por carro. Seriam permitidos apenas dez dias de treinos durante a temporada.
Essa regra, porém, só entrará em vigor se pelo menos três times concordarem com ela. Nesse caso, essas equipes serão recompensadas: "ganharão" um treino extra de duas horas nas sextas-feiras de GP. E poderão utilizar seus pilotos de testes nessas sessões.
Uma quinta mudança no regulamento não ficou bem explicada. A FIA anunciou que proibirá as ordens de equipes, uma clara resposta à marmelada da Ferrari no GP da Áustria deste ano. A entidade, no entanto, não deu nenhuma pista de como fará a fiscalização.
As alterações no regulamento foram elogiadas pelos chefes de equipe. "No mínimo, o campeonato de 2003 será bem interessante", disse o ferrarista Jean Todt.
"Essas novas regras são encorajadoras. Vão melhorar o show e ajudar os times a controlar custos", completou Eddie Jordan, dono do time que leva seu nome.



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