São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2007

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Projeto da Copa vê estádios como ilhas de segurança

À Fifa quase todos os Estados brasileiros relatam não ter havido incidentes em eventos esportivos na última década

Em dez anos, há registro na Folha de 71 confrontos de torcida, com várias mortes, a maioria delas dentro das arenas ou em seu entorno

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto de candidatura do Brasil à Copa do Mundo de 2014 indica que os estádios brasileiros são exemplares em termos de segurança. De 11 projetos de Estados candidatos a sediar o Mundial obtidos pela Folha, 10 afirmam não ter havido ocorrências significativas de violência em eventos esportivos na última década.
A informação foi fornecida pelos governos em resposta a questionário da Fifa do caderno de encargos.
Por meio da CBF, a entidade pede que sejam apresentados detalhes dos incidentes de segurança de larga escala nos últimos dez anos, assim como investigações, recomendações, medidas para resolvê-los.
A maioria dos Estados respondeu não ter havido ocorrências que merecessem ser registradas. Dos 11 projetos lidos pela reportagem, a exceção é Santa Catarina, que relatou cinco confusões nas arenas.
Os arquivos da Folha, porém, registram um total de 71 brigas entre torcidas, em cidades como São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Recife.
"Nos eventos esportivos realizados nos últimos dez anos no Brasil, não há registro de ocorrência de incidentes de segurança, salvo exceções pontuais que não correm o risco de acontecer graças à nova legislação e aos novos esquemas de segurança dos estádios", diz o dossiê da capital paulista, que afirma ter controlado as torcidas organizadas.
Só no Brasileiro de 2005 foram registrados três assassinatos em menos de 24 horas em brigas de torcidas paulistas.
Em 2006, em maio, uma massa de torcedores corintianos tentou invadir o gramado do Pacaembu para agredir jogadores, após derrota para o River Plate. Foram enfrentados por soldados da PM.
Em março último, no Paulista, santistas e são-paulinos se enfrentaram na Vila Belmiro. Até vaso sanitário foi atirado.
"Nunca houve incidentes de segurança em larga escala em eventos esportivos no Estado", relata o projeto de Porto Alegre para sediar o Mundial.
Em julho de 2006, no clássico Gre-Nal, gremistas brigaram com PMs e incendiaram boa parte dos banheiros químicos do estádio Beira-Rio.
"Os incidentes registrados em eventos esportivos no Brasil, e mais especificamente no Estado de Minas Gerais, limitam-se a ações isoladas e de pequena expressão, devidamente controladas pela ação das forças de defesa nacional", afirma o relatório de Belo Horizonte.
Em fevereiro deste ano, briga entre torcedores de Atlético-MG e Cruzeiro resultou na detenção de 50 pessoas.
Pernambuco admite alguns incidentes, mas não em larga escala. Ainda foram lidos relatórios de Salvador, Fortaleza, Manaus, Natal, Campo Grande e Curitiba. Não foram obtidos o projeto do Rio de Janeiro, onde há vários casos de violência, e de 6 das 18 candidatas.
Diante dessas informações, a Fifa dedicou só uma página a segurança no seu relatório sobre o Brasil. Disse havia uma preocupação, mas que "a percepção geral do público era, talvez, pior que a realidade".

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