Ex-jogador atropela presidente da AFA no anúncio de sua contratação e contradiz cartola sobre o comando da seleção

Treinador, que fará a estréia contra a Escócia no dia 19, chamará velhos conhecidos para começar a formar sua comissão técnica e equipe

DA REPORTAGEM LOCAL

Diego Armando Maradona, que amanhã completa 48 anos, é o novo técnico da Argentina.
O anúncio foi feito pelo próprio jogador e também por Carlos Bilardo, seu técnico na conquista da Copa de 1986 e que agora será o manager da seleção argentina. Os dois atropelaram Júlio Grondona, o presidente da AFA, a federação de futebol do país, que até o fechamento desta edição não havia se pronunciado oficialmente.
Grondona e Maradona, antigos desafetos, também bateram cabeça em declarações para rádios de Buenos Aires.
Ontem de manhã, o cartola já dava sinais de acerto com Maradona, mas que ele seria só parte da comissão técnica. "Alguém, sozinho, não pode mandar, em nenhum lugar, nem numa venda da esquina", falou ele, no cargo há quase 30 anos.
Depois da reunião com Grondona, ao anunciar que já tinha tudo acertado, Maradona disse que ele é quem vai mandar. "Na conversa, ficou claro que, em relação à equipe, eu a chamo e a escalo. Tenho o comando", falou o ex-camisa 10, que prometeu ouvir Bilardo.
Há dois anos, Maradona chamava o cartola que o convocou de "mafioso". Grondona culpou o treinador que contratou agora pelo doping na Copa de 1994. "Ele cortou as próprias pernas", afirmou o cartola.
Além de Bilardo, Maradona, que deve ser anunciado oficialmente pela AFA na próxima terça-feira (dia de reuniões na entidade), terá na comissão técnica outro velho conhecido. O preparador físico será Fernando Signorini, que foi seu preparador pessoal.
Na semana passada, em outra entrevista para uma rádio, Maradona deu pistas do que pretende fazer na seleção argentina. Ele disse que gostaria de ter o ex-atacante Batistuta em sua comissão técnica. Também falou que montaria o time com os veteranos Verón e Riquelme no meio-campo.
Pelo calendário atual, Maradona vai fazer sua estréia no próximo dia 19, quando a Argentina enfrenta a Escócia -até o ídolo ter se manifestado ontem, a federação argentina havia escalado Checho Batista, treinador dos juniores, para dirigir a seleção no amistoso.
Até essa partida, Maradona terá que refazer os laços com o atacante Messi, melhor jogador argentino da atualidade.
Maradona acusou o jogador do Barcelona de abusar da individualidade. Messi rebateu afirmando que o ex-craque sempre implica com ele.
O novo treinador, que, na seleção, poderá dirigir seu genro, o atacante Agüero, ainda terá que superar a desconfiança dos torcedores. Enquetes feitas por jornais, como o "Clarín", não colocavam Maradona como o preferido dos argentinos.
Ele tinha pouco mais de 10% das preferências nos levantamentos, sempre liderados por Carlos Bianchi, o ex-técnico do Boca Juniors que ficou famoso por suas conquistas na Taça Libertadores da América.