São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2007

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União abre nova via de verba para COB

Por meio da Petrobras, com lei de incentivo, governo deve investir mais R$ 27 milhões em preparação para Pequim-08

Comitê e filiados incluem o máximo de despesas nos projetos e terão maior parte das despesas para os Jogos paga pelos novos recursos


EDUARDO OHATA
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Criada com o objetivo de atrair empresas privadas para o esporte, a lei de incentivo fiscal virou instrumento para o governo federal investir ainda mais dinheiro no setor, desta vez na preparação dos atletas brasileiros à Olimpíada-2008.
Um projeto articulado pela própria União, com o uso da lei, deve levar a Petrobras a bancar a maior parte dos treinos para a China com renúncia fiscal.
A empresa, tecnicamente de capital misto, na prática controlada pelo governo, admite a negociação, mas diz não estar fechada. A previsão é de aporte de R$ 27 milhões -foi o valor apresentado ontem ao Ministério do Esporte pelo COB.
Foi o presidente do comitê, Carlos Arthur Nuzman, que pediu a Lula, durante o Pan-Americano do Rio, verba extra para Pequim. A expectativa é que a empresa libere o dinheiro ainda em dezembro -pode haver até cerimônia para o anúncio.
O COB recebeu, só no ano passado, R$ 57,3 milhões do governo pela Lei Piva. Agora, as confederações e o comitê poderão realocar parte dessa verba, já que a Petrobras bancará a preparação. "Vai cobrir 60% a 65% da preparação. Se for contemplada toda a ação, não precisamos mais de dinheiro para Pequim", contou o presidente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), Paulo Wanderley, que usará a verba em treinos no Japão antes da Olimpíada.
Sua confederação é um exemplo de como o COB quer sugar o máximo de recursos. Inicialmente, havia pedido R$ 1,74 milhão para seus projetos olímpicos. Depois, a CBJ reduziu a pedida: R$ 1,55 milhão.
O COB, porém, insistiu na quantia mais alta. "Para dar mais qualidade à preparação da equipe, o COB decidiu manter algumas ações", disse o comitê.
Segundo a Folha apurou, a entidade instruiu os presidentes de confederações a incluírem nos projetos todos os tipos de despesas, até mesmo as rotineiras, como gastos com fisioterapia. Mais: foram incluídos atletas que ainda não haviam garantido a classificação a Pequim, com o objetivo de aumentar o volume da delegação.
O ministério projeta a conquista de seis medalhas de ouro em Pequim. E deslocou os funcionários de sua Secretaria de Alto Rendimento para uma reunião no Rio, na semana passada, para enquadrar juridicamente os projetos das confederações na lei de incentivo.
Essas propostas serão levadas à comissão do ministério para a lei para aprovação a toque de caixa, pois a intenção é liberar o dinheiro neste ano.
"Já contaremos com as verbas para janeiro e fevereiro, quando haverá os pré-olímpicos", afirmou o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes, que reforçará preparações individuais de César Cielo, Thiago Pereira e Kaio Márcio.
O secretário-geral da Confederação Brasileira de Atletismo, Martinho Nobre dos Santos, disse que teve de apresentar projetos com pressa para atender os prazos do COB, que o avisou de última hora. "Fizemos orçamento a grosso modo, sem levantamento de preços de passagens. Depois, detalhamos com todos os dados."
Inicialmente, a CBAt receberia R$ 1,2 milhão, mas o valor foi a R$ 1,4 milhão com o detalhamento. Entre os projetos, a verba será usada para aclimatação da equipe perto da China, o que seria bancado pelo COB.
A interlocutores, o ministro Orlando Silva Júnior explicou, há alguns meses, que a idéia do projeto é somente dar um empurrãozinho final à delegação brasileira em Pequim. Citou clínicas com técnicos estrangeiros e torneios internacionais, mas a meta não era pagar toda a preparação.


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