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São Paulo, segunda-feira, 29 de dezembro de 2003

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ATLETISMO

Organização congela prêmios, mas shopping traz força do Quênia

Patrocínio banca atletas de elite e turbina São Silvestre

GUILHERME ROSEGUINI
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A organização da prova continua com os cintos apertados. Mas, graças a um patrocinador privado, a São Silvestre voltará a ver atletas "importados" de ponta disputando o título da mais tradicional prova de rua do país.
Ano passado, sem grandes estrelas, o evento foi um dos mais esvaziados da história: não houve defesa de título e, pela primeira vez em 20 anos, nenhum ex-campeão esteve em São Paulo.
Com o investimento pesado do Shopping Paulista, seis quenianos participarão da corrida do dia 31. A equipe terá viagem, hospedagem e cachês pagos pelo patrocinador. O valor que o grupo vai pagar para cada atleta não foi revelado, mas não ultrapassa a premiação oficial da prova -quase US$ 5.828 para o vencedor.
No grupo importado para alavancar o interesse pela São Silvestre estão dois dos principais nomes das competições de fundo desta temporada.
Robert Cheruyiot, campeão da última edição da São Silvestre, traz na bagagem o troféu de campeão da Maratona de Boston (EUA). Em 2003, ele também assegurou o terceiro posto na Maratona de Milão (ITA).
Seu principal rival é Martin Lel, que, aos 24 anos, surpreendeu ao triunfar na Maratona de Nova York e levar a medalha de ouro no Mundial de meia-maratona, disputado na cidade portuguesa de Vilamoura, em outubro.
Cheruiyot protagonizou cenas inusitadas em 2002. Ele vomitou após a chegada, abatido por causa do forte calor. Agora, contudo, diz estar em boa forma, descansado e mais adaptado para enfrentar o clima paulistano.
"Justamente porque não competi muito neste ano [participou de apenas quatro provas], não vejo problema em manter a São Silvestre no meu calendário. Espero também lidar melhor com o calor", afirmou o queniano.
Não foi só o ano folgado que motivou a elite dos maratonistas a desembarcar ontem no Brasil. O cenário proporcionado pelo investimento privado contrasta as medidas tomadas pela organização da prova a partir de 2001.
A São Silvestre não paga cachês a atletas estrangeiros há dois anos. Os organizadores também bancam somente a hospedagem dos 20 atletas mais bem colocados nos rankings brasileiros masculino e feminino -até 2000, o número chegava a 70.
A idéia era conter esses gastos para aumentar a premiação. Na prova deste ano, no entanto, o primeiro a cruzar a linha de chegada receberá o mesmo que Cheruiyot em 2002 -R$ 17 mil.
A prova feminina também tem como principal destaque uma atleta vinda do Quênia. Margaret Okayo, bicampeã da Maratona de Nova York (venceu em 2001 e 2003), voltou ontem a São Paulo após a ausência do ano passado. A corredora tenta coroar sua temporada com um título ainda ausente em seu currículo.
Nas ruas da cidade, ela irá reviver o duelo da prova de 2001. Naquela oportunidade, Okayo amargou a segunda colocação e viu Maria Zeferina Baldaia quebrar um jejum de quatro anos sem brasileiras no topo do pódio.


Colaborou Eduardo Ohata, da Reportagem Local


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