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País da rua, Brasil está "medíocre" na pista
Brasileiros, direcionados ao asfalto, amargam marcas modestas em estádio
Confederação tenta atrair fundistas para distâncias olímpicas, mas tempos de corredores ficam abaixo dos de nações sem tradição
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
País com vasto número de
atletas de provas de rua, como a
São Silvestre, que será realizada depois de amanhã, o Brasil
patina quando longas distâncias são disputadas na pista.
As marcas nacionais neste
ano para as provas de fundo em
estádio (3.000 m com obstáculos, 5.000 m e 10.000 m) são para lá de modestas se considerado o nível internacional.
O melhor índice da temporada no país foi obtido por Marilson dos Santos, campeão da
Maratona de Nova York.
Contudo, seus 27min35s05
nos 10.000 m são suficientes
para alçá-lo apenas à 54ª posição do ranking mundial da
temporada elaborado pela Iaaf,
entidade que gere o atletismo.
Pior para os 5.000 m feminino, no qual Elaine Vieira Sobroza liderou as estatísticas no
país com 16min03s02. No planeta, porém, ela nem aparece
entre as 252 melhores marcas
da temporada -está a 13s05 da
última da classificação da Iaaf.
"Nossos resultados na pista
são medíocres", admite Ricardo D'Angelo, treinador nacional de fundo e coordenador de
seleções adultas da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo). "Temos potencial, mas ele
é explorado na direção errada."
No ranking internacional, os
brasileiros não aparecem apenas atrás de quenianos e etíopes, como seria a praxe.
Os fundistas nacionais estão
aquém de atletas de países sem
tradição em provas de fundo na
pista, como Burundi, Eslovênia, Índia, Kuait, Nova Zelândia, Peru, Suécia e Turquia.
D'Angelo, técnico de Vanderlei Cordeiro, bronze na maratona olímpica em Atenas-2004,
foi idealizador do Circuito Brasileiro de Corridas de Pista.
A iniciativa surgiu em 2005 e,
oferecendo boa premiação, visava trazer atletas da rua para
correr em estádio e melhorar o
nível do país nessas provas.
No entanto, depois de dois
anos, o evento foi reduzido a
uma etapa, deixando de ser circuito para se tornar Brasileiro.
"Mesmo assim, conseguimos
melhorar as marcas sul-americanas dos 5.000 m e 10.000 m
no masculino", diz D'Angelo,
referindo-se a recordes obtidos
por Marilson dos Santos, que
usa as provas de pista como
preparação para a maratona.
O treinador destaca também
o aparecimento de promessas
no Brasileiro, como Daniel
Chaves da Silva, 20, Joilson
Bernardo da Silva, 21, e Reginaldo Campos Júnior, 21.
No feminino, não houve nenhuma revelação. Os melhores
resultados têm ocorrido nos
3.000 m com obstáculos, nos
quais Zenaide Vieira bateu neste ano o recorde sul-americano.
Mesmo assim, essa marca é só a
160ª do mundo na temporada.
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