São Paulo, segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

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País da rua, Brasil está "medíocre" na pista

Brasileiros, direcionados ao asfalto, amargam marcas modestas em estádio

Confederação tenta atrair fundistas para distâncias olímpicas, mas tempos de corredores ficam abaixo dos de nações sem tradição


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

País com vasto número de atletas de provas de rua, como a São Silvestre, que será realizada depois de amanhã, o Brasil patina quando longas distâncias são disputadas na pista.
As marcas nacionais neste ano para as provas de fundo em estádio (3.000 m com obstáculos, 5.000 m e 10.000 m) são para lá de modestas se considerado o nível internacional.
O melhor índice da temporada no país foi obtido por Marilson dos Santos, campeão da Maratona de Nova York.
Contudo, seus 27min35s05 nos 10.000 m são suficientes para alçá-lo apenas à 54ª posição do ranking mundial da temporada elaborado pela Iaaf, entidade que gere o atletismo.
Pior para os 5.000 m feminino, no qual Elaine Vieira Sobroza liderou as estatísticas no país com 16min03s02. No planeta, porém, ela nem aparece entre as 252 melhores marcas da temporada -está a 13s05 da última da classificação da Iaaf.
"Nossos resultados na pista são medíocres", admite Ricardo D'Angelo, treinador nacional de fundo e coordenador de seleções adultas da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo). "Temos potencial, mas ele é explorado na direção errada."
No ranking internacional, os brasileiros não aparecem apenas atrás de quenianos e etíopes, como seria a praxe.
Os fundistas nacionais estão aquém de atletas de países sem tradição em provas de fundo na pista, como Burundi, Eslovênia, Índia, Kuait, Nova Zelândia, Peru, Suécia e Turquia.
D'Angelo, técnico de Vanderlei Cordeiro, bronze na maratona olímpica em Atenas-2004, foi idealizador do Circuito Brasileiro de Corridas de Pista.
A iniciativa surgiu em 2005 e, oferecendo boa premiação, visava trazer atletas da rua para correr em estádio e melhorar o nível do país nessas provas.
No entanto, depois de dois anos, o evento foi reduzido a uma etapa, deixando de ser circuito para se tornar Brasileiro.
"Mesmo assim, conseguimos melhorar as marcas sul-americanas dos 5.000 m e 10.000 m no masculino", diz D'Angelo, referindo-se a recordes obtidos por Marilson dos Santos, que usa as provas de pista como preparação para a maratona.
O treinador destaca também o aparecimento de promessas no Brasileiro, como Daniel Chaves da Silva, 20, Joilson Bernardo da Silva, 21, e Reginaldo Campos Júnior, 21.
No feminino, não houve nenhuma revelação. Os melhores resultados têm ocorrido nos 3.000 m com obstáculos, nos quais Zenaide Vieira bateu neste ano o recorde sul-americano. Mesmo assim, essa marca é só a 160ª do mundo na temporada.


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