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fogo amigo
Atleta acusa Santos de "aprisioná-lo"
Denúncia encaminhada à CBF pelo atacante Alemão, 18, afirma que o jogador foi obrigado a assinar contrato de gaveta
Promovido por Leão tem vínculo até julho, mas pelo acordo que diz ter firmado quando era menor, o que é irregular, ficaria até 2011
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Recém-promovido do time
júnior por Emerson Leão como
esperança de reforço para o
Santos, o atacante Alemão, 18,
acusa o clube formalmente de
forçá-lo a assinar um contrato
de gaveta (que não é registrado
na CBF ou na federação).
A denúncia de contrato de
gaveta traz à tona uma prática
que empresários e parentes de
jogadores dizem ser comum
nos clubes. O Sindicato dos
Atletas de São Paulo investiga o
assunto. No Palmeiras, o goleiro Marcos já assinou um documento que ficou na gaveta.
Recentemente, antes de deixar o Santos, Marcos Aurélio
fez queixa semelhante à CBF,
alegando ter sido coagido pelo
clube a firmar um contrato.
No caso de Alemão, segundo
a denúncia encaminhada à confederação, o documento valeria
a partir de 28 de julho de 2008,
quando acaba o compromisso
atual. Porém o atleta alega que
assinou o acordo em 2006,
quando era menor de idade, o
que é proibido. Só um responsável poderia ter feito isso.
No último dia 17, o atacante
protocolou uma notificação na
CBF declarando que foi obrigado a assinar o contrato de gaveta e que, se não fizesse isso, o
Santos não permitiria que assinasse o acordo atual.
No documento, ele avisa que
não vai cumprir o contrato, caso o documento seja registrado
na CBF. Pelas normas orgânicas da entidade, o acordo só
tem validade quando o registro
é feito até 30 dias após a assinatura. A lei trabalhista prevê o
mesmo prazo para o contrato
ser validado, após a firma.
"O Alemão assinou um contrato quando era menor, com
uma data futura, quando ele já
seria maior, assim não precisaria da assinatura dos responsáveis", afirmou Liliane Fermozelli, advogada do atacante.
"Assinar documento com data
errada é crime, mas o Alemão
era menor e não pode ser responsabilizado", completou.
Há um forte elemento que
indica ser verdadeira a acusação do atleta. Seu atual contrato tem como número de série
da CBF: 513.733. E o novo, válido até 2011, tem a numeração
de 513.746, diz a advogada.
A CBF envia lotes de contratos para as federações com números seqüenciais. E as federações reenviam aos clubes.
Como os formulários são seqüenciais, comprovando-se esses números, o Santos só poderia ter firmado contrato com 13
jogadores no espaço de dois
anos que separam os contratos.
Apenas na gestão de Vanderlei Luxemburgo, porém, foram
contratados mais de 30 atletas.
"Fizeram tudo isso para segurar o Alemão, mas ele não
quer mais ficar no clube", afirmou a advogada.
A representante do atleta,
autor de três gols na Copa São
Paulo, ainda alega que nenhuma cópia do segundo contrato
foi entregue ao jogador. Isso
configura nova irregularidade à
norma da CBF. Atualmente, cada contrato sai da entidade em
três vias: uma para o jogador,
uma para o clube e outra para o
registro na federação.
Advogados ouvidos pela Folha disseram que, se forem
confirmadas as acusações, o
contrato se torna nulo.
Segundo a advogada do jogador, a intenção do Santos com
um documento engavetado é
ter a segurança de que o atacante não deixaria a equipe nem
assinaria um pré-contrato com
outra agremiação. Se há um documento de gaveta, assinado
sem data ou com uma data futura, o clube pode registrá-lo e
obrigar o atleta a atuar.
E o Santos sabe de longa data
da intenção do atacante de mudar de ares. No ano passado, ele
entrou com uma ação na Justiça para pedir a sua rescisão.
Alegou que o clube não depositava corretamente seu FGTS.
Perdeu em primeira instância.
Almejava transferir-se para o
futebol europeu.
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