O Aberto da Austrália mostra que chegou a hora de Novak Djokovic, mas não a de Ana Ivanovic

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

H Á ANOS , seja vendo um jogo entre meninos na arquibancada ou alguns dos melhores tenistas da área da imprensa ou pela TV, pegam-me sempre com uma perguntinha aparentemente simples, mas comprometedora: chegou a hora deste tenista estourar?
Acostumado, sempre saio sem resposta definitiva (responder a uma pergunta dessas pode comprometer até a alma!). Digo que não existe padrão, momento ou fator que define o sucesso, mas um conjunto de fatores que empurram o tenista adiante ou o fazem empacar. Novak Djokovic fez a primeira final de Grand Slam nos EUA, em 2007, como um menino. Viu Roger Federer dominar o jogo que importava. Não rebateu forte nem falou alto. Piscou, gaguejou, pensou demais. Foi atropelado. Viu que final de Grand Slam tem tudo de diferente.
No domingo, Djokovic teve de novo o gostinho de uma final. De novo, piscou, gaguejou. Do outro lado, porém, em vez de Federer ou Rafael Nadal, havia um tenista novato, com menos experiência. Talvez por isso, Djokovic pôde se acalmar, pensar e soltar a voz em alto e bom som. E, com o talento que tem, levou o taça.
Pois considero, na hora de dizer que este ou aquele atleta está pronto para estourar, a maneira como ele encara o microfone nos agradecimentos pós-título. Gustavo Kuerten pós-primeiro título em Roland Garros tremia. O Guga pós-segundo título falava em francês. O Guga pós-tri fazia gracinhas com o público em francês. Mais à vontade impossível.
Sem Federer ou Nadal no último dia, chegou a vez de Djokovic. Assim como, na véspera, não chegara a vez de Ana Ivanovic, também na sua segunda final de Grand Slam, mas ainda nervosa, literalmente chorando, diante de uma tenista da mesma idade, mas muito mais desenvolta, firme, às vezes falante. Djokovic joga agora, oficialmente, de igual para igual com Federer e Nadal. Será um dos favoritos. Espera-se ouvir só a voz grossa de Djokovic ao microfone, mais do que suas imitações afeminadas. Ivanovic precisa se acalmar. Deixar de falar baixinho, tossir, de ser menininha.

JUVENIL
A Credicard Citi MasterCard Junior's Cup ocorrerá na última semana de fevereiro, em Santos. Depois, segue para Campinas, Uberlândia, Curitiba e Porto Alegre, antes do Masters, em São Paulo.

QUEDA
Marcelo Melo e André Sá caíram na estréia no Torneio de Viña del Mar. É o terceiro revés seguido da dupla.

BARULHO
Fernando Meligeni comentou a escolha de Sorocaba como sede do primeiro duelo da Copa Davis no blogdofininho.blog.uol.com.br. O artigo, chamado "Segredos de uma escolha", vale a leitura.

reandaku@uol.com.br


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