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AÇÃO
Morrer ao vivo é pesado
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
O nome do lugar é Hell Hole
Bend (declive do buraco do
inferno, em inglês), a parte mais
sinistra do Grand Canyon, Arizona, EUA. Um local sagrado dentro da reserva dos índios Navajos.
Foi lá, correndo o risco de ser
abençoado ou desgraçado, o local
eleito pelo brasileiro Bob Burnquist para sua nova façanha.
Nos últimos meses, Bob e o americano Danny Way têm se superado na busca de estender os limites
do skate e na busca pessoal de
emoção. Construindo megarrampas e pistas especiais, obstáculos
como a Muralha da China e/ou a
lei da gravidade têm sido superados. Desta vez, a doideira consistia num "skate combo": megarrampa-corrimão-base jump.
Voar nunca foi segredo para
Bob, seja em aéreos acrobáticos
no half pipe, seja pilotando avião,
seja em outra de suas paixões, o
pára-quedismo. E foi essa experiência que permitiu a maluca
combinação: descer em alta velocidade numa rampa de 12 m, saltar para uma trave elíptica com
mais de 10 m, seguir num fifty
com os eixos do skate deslizando
no corrimão até cair no abismo
do Grand Canyon, abandonar o
skate e aguardar a hora certa para a abertura do pára-quedas.
Apesar do título, a maluquice
foi gravada no último dia 23 para
futura apresentação na TV. O
programa "Stunt Junkies", do
Discovery Channel, foi quem organizou e patrocinou a aventura,
que para o apresentador e experiente base-jumper Jeb Corliss foi
a maior que o show já promoveu:
"Elevou os níveis de demência a
uma dimensão que tão cedo não
vai ser atingida por outro".
E, mesmo que a impressão de
Corliss, um dos 30 envolvidos no
projeto, seja a avaliação predominante, foi a lucidez de Bob que
permitiu tornar realidade uma
idéia tão maluca. "Estou acostumado a correr riscos por causa do
skate, mas não de vida. Morrer ao
vivo é pesado." Ciente do perigo,
acompanhou cada detalhe da
montagem. "Tratei a megarrampa como no pára-quedismo. Antes de saltar tem que checar muitas vezes. Não foi chegar e fazer."
Durante os dias que antecederam a montagem da estrutura
houve tempestade de vento, de
neve e tempo para conhecer histórias dos índios e outras menos
agradáveis, como a de dois base-jumpers que morreram no local.
Chegou o grande dia. O tempo
abriu. Câmeras estrategicamente
colocadas para captar todos os
movimentos, de todos os ângulos,
uma inclusive no capacete de
Bob, cujo peso, somado aos 6 kg
do pára-quedas, dificultava ainda mais a manobra. A primeira
descida foi de reconhecimento.
Na segunda, já com a intenção de
encaixar a manobra, o skate escapou do pé. A rampa foi ajustada
para outra tentativa, quando Bob
caiu, felizmente antes do penhasco. Mais um dos sete skates que levara virava oferenda para os deuses índios. Mais ajustes.
Com a rampa perfeita, desceu,
encaixou o eixo, deslizou até o final do corrimão, se distanciando
o suficiente do penhasco, até saltar no precipício, chutar o skate e
abrir o pára-quedas. O programa
está previsto para ir ao ar na TV
americana em junho. O que esperar dos próximos episódios?
Seleção brasileira de surfe
Um inédito incentivo para todos os brasileiros que disputam o WCT,
o Mundial de surfe deve ser anunciado em breve. O patrocínio é igual
no início da temporada e prevê bônus pelo desempenho.
Pipeline mexicano
A princípio prevista para Puerto Escondido, a etapa móvel do Mundial de surfe, o Rip Curl Search, deve acontecer mesmo em Barra de
La Cruz.
Não à verticalização
A comunidade se mobilizou, o deputado Turco Loco organizou manifestação, e o projeto das Zeis, lei que previa prédios de até cinco andares em São Sebastião, SP, não passou.
E-mail sarli@trip.com.br
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