São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2006

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FUTEBOL

"Não me contrataria", diz ex-auxiliar, que comanda time hoje contra o Guarani e esquenta banco para técnico top

Corinthians efetiva Braga com validade

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Efetivado anteontem à noite como técnico corintiano, Ademar Braga, 60, já começa, hoje, contra o Guarani, fragilizado no cargo.
A decisão da diretoria de anunciar que ele deixa de ser treinador interino foi tomada principalmente para que o clube possa, com calma, esperar que um profissional de renome fique livre.
Em conversas reservadas, a cúpula corintiana fala que será difícil manter o ex-auxiliar em caso de duas derrotas seguidas.
Ele mesmo não demonstra confiança em seu taco. "Não me contrataria, chamaria alguém mais experiente", afirmou Braga.
Seu perfil não é nem de longe parecido com o sonhado por Kia Joorabchian, presidente da MSI. O iraniano queria um técnico experiente, principalmente com prática na Taça Libertadores.
Braga não tem nenhum título como treinador. Comandou a seleção do Irã, dois clubes de pouca expressão no Japão e nos Emirados Árabes e o Sheyang (China). Participou do fracasso brasileiro na Copa de 1990, na Itália. Era preparador físico da seleção comandada por Sebastião Lazaroni.
Ao entrar em campo, às 21h45, no Pacaembu, já despertará olhares desconfiados dos dirigentes.
Uma mostra de sua fragilidade é a decisão da parceria de não dar-lhe um contrato de treinador. Permanece como funcionário com carteira assinada, com aumento. "Foi Deus quem me colocou aqui", declarou ele ontem à tarde.
A "graça" recebida ajuda a explicar os frágeis argumentos usados pela diretoria, que fracassou na tentativa de trazer o atual campeão mundial de clubes, Paulo Autuori, e não chegou a um consenso sobre Paulo César Gusmão.
Na versão dos corintianos, Braga mereceu um voto de confiança por ter armado bem o time na derrota dos reservas para o América e no empate com o Palmeiras. Dizem que nas duas ocasiões jogou "com dois zagueiros, dois laterais, quatro no meio e dois atacantes". Fez o básico.
A justificativa menos convincente, entretanto, é a de que ele sabe se impor nas entrevistas. O presidente corintiano, Alberto Dualib, espalhou, pela boca de seus aliados, que Braga demonstrou personalidade ao criticar o palmeirense Emerson Leão e a arbitragem após o clássico.
A explicação mais palatável é o bom relacionamento com os atletas. Os cartolas avaliam que o racha entre atletas trazidos pela MSI e os pratas da casa acabou com a troca de Antônio Lopes por ele.
Braga diz não ver problemas em ser um treinador "tampão". Pelos planos da diretoria, ele fica no máximo até o fim da Copa do Mundo, quando treinadores como Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira podem estar livres.
"Todos somos técnicos tampões. No momento em que você perde, eles pagam e você vai embora. Se contrato e casamento fossem bons não tinham testemunhas", diz o novo técnico.


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