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FUTEBOL
"Não me contrataria", diz ex-auxiliar, que comanda time hoje contra o Guarani e esquenta banco para técnico top
Corinthians efetiva Braga com validade
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Efetivado anteontem à noite como técnico corintiano, Ademar
Braga, 60, já começa, hoje, contra
o Guarani, fragilizado no cargo.
A decisão da diretoria de anunciar que ele deixa de ser treinador
interino foi tomada principalmente para que o clube possa,
com calma, esperar que um profissional de renome fique livre.
Em conversas reservadas, a cúpula corintiana fala que será difícil manter o ex-auxiliar em caso
de duas derrotas seguidas.
Ele mesmo não demonstra confiança em seu taco. "Não me contrataria, chamaria alguém mais
experiente", afirmou Braga.
Seu perfil não é nem de longe
parecido com o sonhado por Kia
Joorabchian, presidente da MSI.
O iraniano queria um técnico experiente, principalmente com
prática na Taça Libertadores.
Braga não tem nenhum título
como treinador. Comandou a seleção do Irã, dois clubes de pouca
expressão no Japão e nos Emirados Árabes e o Sheyang (China).
Participou do fracasso brasileiro
na Copa de 1990, na Itália. Era
preparador físico da seleção comandada por Sebastião Lazaroni.
Ao entrar em campo, às 21h45,
no Pacaembu, já despertará olhares desconfiados dos dirigentes.
Uma mostra de sua fragilidade é
a decisão da parceria de não dar-lhe um contrato de treinador. Permanece como funcionário com
carteira assinada, com aumento.
"Foi Deus quem me colocou
aqui", declarou ele ontem à tarde.
A "graça" recebida ajuda a explicar os frágeis argumentos usados pela diretoria, que fracassou
na tentativa de trazer o atual campeão mundial de clubes, Paulo
Autuori, e não chegou a um consenso sobre Paulo César Gusmão.
Na versão dos corintianos, Braga mereceu um voto de confiança
por ter armado bem o time na
derrota dos reservas para o América e no empate com o Palmeiras.
Dizem que nas duas ocasiões jogou "com dois zagueiros, dois laterais, quatro no meio e dois atacantes". Fez o básico.
A justificativa menos convincente, entretanto, é a de que ele sabe se impor nas entrevistas. O
presidente corintiano, Alberto
Dualib, espalhou, pela boca de
seus aliados, que Braga demonstrou personalidade ao criticar o
palmeirense Emerson Leão e a arbitragem após o clássico.
A explicação mais palatável é o
bom relacionamento com os atletas. Os cartolas avaliam que o racha entre atletas trazidos pela MSI
e os pratas da casa acabou com a
troca de Antônio Lopes por ele.
Braga diz não ver problemas em
ser um treinador "tampão". Pelos
planos da diretoria, ele fica no
máximo até o fim da Copa do
Mundo, quando treinadores como Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira podem estar livres.
"Todos somos técnicos tampões. No momento em que você
perde, eles pagam e você vai embora. Se contrato e casamento
fossem bons não tinham testemunhas", diz o novo técnico.
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