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BOXE
Incompetência ou fatalidade?
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
"O árbitro errou. Ele estava longe dos pugilistas,
do outro lado do ringue, e até o
adversário do lutador nocauteado pediu para pararem a luta."
Esses foram os comentários que
ouvi sobre o nocaute aplicado pelo meio-pesado Mário Soares em
Fábio Garrido no final de semana, que culminou na internação
do último no Hospital São Paulo.
Mas, justiça seja feita, as atuações do árbitro Vanildo de Oliveira, 56, e de Soares ganharam o
destaque que ganharam por Garrido ter sido hospitalizado. A partir daí, tudo relacionado à luta foi
posto sob lente de aumento. O
imaginário de quem assistiu à luta inteira ou só aos highlights passou a funcionar a toda. Caso Garrido não tivesse ido para o hospital, tudo teria sido esquecido.
Em minha opinião, após assistir
a Soares x Garrido pela TV e rever
o teipe do combate, deu a impressão de que houve apenas problema de timing da parte do árbitro.
Ou seja, Oliveira pensou de modo correto, mas seu reflexo, por
centésimos de segundo, foi lento.
Para quem não assistiu à luta,
foram três os golpes decisivos.
O primeiro, um uppercut, abalou Garrido, que baixou a guarda. Um segundo uppercut deixou-o nocauteado em pé. O terceiro, um gancho de esquerda,
lançou-o à lona. Ele bateu com a
cabeça no chão, o que na prática
teve o efeito de um quarto golpe.
Entre o segundo e o terceiro golpe, Oliveira ficou entre os pugilistas e até absorveu parte do golpe.
Mas achei que, por conta de
Garrido já ter sofrido uma contagem e pela "cara" do primeiro upper, o árbitro poderia ter se posicionado melhor para separar os
lutadores com maior autoridade
-e não apenas colocar o braço.
"É diferente você estar dentro
do ringue arbitrando, no nono assalto, de você assistir à luta no sofá da sua casa com uma cervejinha na mão, com o benefício da
câmera lenta e julgando o trabalho dos outros. Além disso, muita
gente que me critica agora, quando a gente pára uma luta, critica
ao afirmar que estragamos o espetáculo", defende-se Oliveira.
Há aqueles que argumentam
que, se é que houve alguém errado no episódio, poderia ter sido
Soares, por não ter obedecido o
"stop". Mas é difícil brecar um
golpe depois de ele ter sido disparado -alguns títulos mundiais
até já trocaram de dono por conta
de golpes disparados depois de o
gongo assinalar fim de assaltos. E
é a função do lutador seguir aplicando golpes até o final da luta.
Porém foi fora do ringue que
Soares prestou desserviço ao boxe.
Primeiro, pelas declarações depois da luta de que cumprira o
que prometera: acabar com a carreira de Garrido. Depois, pelo episódio da troca de insultos com o
apresentador Jorge Kajuru, o que
ajuda a fixar o estereótipo negativo associado aos boxeadores.
A BandSports, que co-transmitiu a luta, explica que o episódio
da discussão com Kajuru pode ter
inviabilizado futuras apresentações de Soares, pois potenciais patrocinadores podem se afastar.
Ou seja, de nada adianta promover programações em hotéis de
luxo se no fim a imagem que fica
é a de um brigão, freqüentemente
associada ao pessoal do jiu-jitsu.
Brasil
O peso-leve Juliano Ramos anuncia que rompeu com o manager Servílio de Oliveira. O pugilista não estava gostando da forma como sua
carreira era gerenciada. Ramos está nos EUA com o novo empresário, Ariel Ramos, e seu adversário no dia 21, nos EUA, deve ser Edner
Cherry, em programação a ser exibida pela ESPN International. A
troca de managers não afeta seu relacionamento com o promotor
Arthur Pelullo. Já o meio-pesado Laudelino Barros luta no dia 20.
Exterior
O novo campeão mundial dos pesos-pesados, o ucraniano Vitali
Klitschko, poderia ter feito uma apresentação melhor do que a da sua
vitória sobre o sul-africano Corrie Sanders, no sábado. Em minha
opinião, Klitschko não precisava ter sido tão cauteloso.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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