São Paulo, domingo, 30 de abril de 2006

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Ronaldo é sócio de Parreira em duas academias

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Vice-líder no ranking de faturamento pessoal na seleção, o atacante Ronaldo, além dos comerciais e contratos de patrocínio, investe em uma rede de academias de ginástica. E tem agora entre seus sócios o técnico Carlos Alberto Parreira.
O treinador passou a ser acionista da A!Body Tech, que já tinha o jogador como sócio. Nenhum dos dois atua na administração da empresa, feita pelo empresário Alexandre Accioly. Ronaldo é sócio da holding que controla oito academias, ao lado do empresário e do ex-piloto de F-1 João Paulo Diniz. O tamanho de sua fatia no negócio não é divulgado por Accioly.
Parreira virou sócio em duas filias novas, uma no Rio Sul e outra em Botafogo, ambas na zona sul do Rio. As novas filiais são parte da expansão da rede, que deverá ter 11 unidades, um investimento de R$ 80 milhões.
"Preferimos captar dinheiro com personalidades, em vez de no mercado financeiro", disse Accioly, que ainda tem como sócios o ex-jogador de vôlei Tande, o técnico da seleção masculina de vôlei, Bernardinho, e o ator Rodrigo Santoro.
A sociedade não fere nenhuma lei da Fifa para jogadores e técnicos. E o currículo de Ronaldo é argumento mais do que suficiente para justificar sua convocação por qualquer técnico. Mas advogados e personalidades ligadas à discussão da ética e do futebol divergem em relação ao assunto.
"[Parreira] Tem uma vinculação contratual mercantil com o jogador de modo que ele deixou de ter uma posição de absoluta independência, que é exigida do treinador para tomar decisões", afirma Fábio Konder Comparato, professor titular de direito da USP. Já o presidente da ONG Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, acredita que não há interferência. "Esse tipo de conflito de interesse é muito fácil de resolver. Sou teu amigo, teu sócio, mas vou te barrar."
"Não vejo problema ético. As relação pessoais são mais importantes que as comerciais", diz o ex-jogador Sócrates.
Já o advogado Dalmo de Abreu Dallari vê uma incompatibilidade. "Os dois participam de resultados econômicos juntos. Isso permite ilações", diz. "Se ele escalar o Ronaldo fora de forma e outro ficar de fora, o outro pode pedir indenização por danos morais."
Ronaldo e Parreira não foram localizados pela Folha para falar sobre o negócio.


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