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COPA 2006
Brasil ganha menos da metade de ingressos destinados a patrocinadores como Coca Cola, McDonald's e Gillette
Patrocinadores recebem mais ingressos
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Brasileiros espalhados pelo
mundo inteiro devem estar se
perguntando: onde foram parar
os ingressos da Copa?
A resposta está na distribuição
feita pela Fifa, que privilegia patrocinadores. Empresas como
Coca-Cola, Mastercard e McDonald's foram agraciadas com um
de cada seis ingressos, 490 mil, no
total. Cada um dos 15 patrocinadores da Copa recebeu mais de 25
mil ingressos. As demais entradas
foram compartilhados por outras
seis empresas alemães.
Por outro lado, cada uma das
confederações das 32 seleções
participantes recebeu 8% dos ingressos de cada jogo. Para o Brasil, por exemplo, a Fifa enviou cerca de 12 mil ingressos, pouco menos do que a metade das entradas
recebidos pelas grandes corporações que sustentam a Copa.
Após as primeiras quatro fases
de venda pela internet, o presidente do comitê organizador de
2006, Franz Beckenbauer, admitiu que o excesso de demanda é
um grande problema. "É preciso
que haja um número de lugares
distribuídos adequadamente para
atender à procura", afirmou.
Até mesmo brasileiros que moram na Alemanha encontram
muitas dificuldades para comprar
entradas para os jogos do time em
Berlim, Munique e Dortmund.
"Eu faço parte da equipe da Fifa
e não consegui [um ingresso]. Está muito difícil de comprar. Nenhuma das pessoas que eu conheço aqui em Colônia, e são muitas,
conseguiram", disse a brasileira
Andréa Schilz, que trabalhará para a Fifa recepcionando estrangeiros no aeroporto de Colônia durante a Copa.
Na opinião de Matthias Bettag,
porta-voz da BAFF (Federação de
Torcedores Ativistas Alemães, em
alemão), a escassez de ingressos,
até mesmo no país-sede, se relaciona com o fato de que a cultura
de torcida está sendo suplantada
por outras necessidades.
"Futebol tem se tornado um suporte para fazer grandes negócios. Patrocinadores fazem promoções com seus ingressos para
vender mais seus produtos". afirma Bettag. E é de fato isso que
vem acontecendo não somente na
Alemanha, como também no
Brasil. Muitos patrocinadores alegam que grande parte dos ingressos que recebem acabam nas
mãos dos torcedores de qualquer
forma, através de promoções.
Revoltados com o sistema de
partilha injusto, grupos de torcedores de 12 países organizaram
uma campanha por mais ingressos na Copa 2006 pela internet.
Esperam conseguir um milhão de
assinaturas na petição que fazem
circular pelo site www.football
supportersinternational.com.
Muitos brasileiros já aderiram.
Além dos ingressos que sobram
na mão dos patrocinadores, outro
ponto que tem incomodado estes
torcedores são os 11% destinados
ao público VIP.
Para assistir a um jogo da seleção contra o Japão em Dortmund,
por exemplo, o preço de um lugar
em espaço reservado com atendimento especial chega a custar
21,6 mil (cerca de R$ 57 mil).
"O marketing das empresas não
compreende os torcedores comuns. Os estádios foram otimizados visando o público VIP e os negociadores." analisou Bettag.
Algumas declarações do presidente da Fifa, Josepp Blatter, indicam que na Copa da África do Sul
em 2010 o sistema mudará. Entretanto, a regra de que apenas 8%
dos ingressos são destinados às
seleções se mantém desde 98 na
França. "Resta saber se o slogan
mudará de "tempo de fazer amigos" para "tempo de fazer parceiros nos negócios'", brinca Bettag.
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