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JUCA KFOURI
A derrota da auto-suficiência
Como aconteceu diversas vezes nesta temporada, o Santos jogou como se a vitória fosse surgir ao natural
A TEMPERATURA estava agradável, o gramado, seco, e havia
mais de 30 mil santistas no
Morumbi.
Poucos, é verdade (porque o torcedor adora os campeonatos estaduais...), mas todos com a certeza de
que veriam a vitória do melhor time,
o do Santos.
Certeza que o próprio time do
Santos demonstrou ter, com uma
incrível auto-suficiência, a mesma
que já havia mostrado em jogos anteriores sem se dar mal.
Desta vez se deu. E muito mal.
Porque o São Caetano foi melhor
do que o Santos em todos os aspectos, nos táticos, inclusive.
A começar que usou tudo que pôde, sem abrir mão de nada, como o
Santos, por exemplo, abdicou de botar Rodrigo Tiuí até no banco.
E a continuar com a seriedade
com que marcou as melhores jogadas do Santos, com que soube suprir
a grave ausência de Canindé, suspenso, e, com três zagueiros, para
deixar clara a deficiência santista
sem um centroavante de ofício.
O resultado foi o que se viu.
Antônio Carlos e Kléber dormiam
na intermediária quando Luiz Henrique foi lançado para abrir o marcador, aos 8min, ainda antes que o
Santos desse seu primeiro chute ao
gol, o que só foi acontecer aos 15min,
com Marcos Aurélio.
E o Azulão quase não correu riscos
no primeiro tempo, a não ser no último minuto, quando Zé Roberto pegou mal na bola e desperdiçou uma
bela chance. No segundo, não. O São
Caetano teve de se virar.
Com Pedrinho e Jonas, o Santos
voltou esperto e deu a sensação de
que, ao menos, empataria.
Jonas teve uma oportunidade de
ouro aos 6min, e Rodrigo Souto, outra, menos clara, aos 25min.
Mas, daí, Fábio Costa apareceu.
Não só para fazer um milagre aos
26min em chute à queima-roupa de
Luiz Henrique, como para fazer daqueles pênaltis de que só ele é capaz,
razão principal para ser uma irresponsabilidade pensar nele como goleiro de seleção brasileira.
E Somália liquidou a fatura como
seu time fez por merecer.
O Santos corre o risco de se juntar
ao Palmeiras como mais um grande
a ser derrotado por pequenos em decisões estaduais na história do Campeonato Paulista, façanha alviverde
em 1986, contra a Inter de Limeira,
também no Morumbi.
Dia do goleiro?
O Dia do Goleiro foi no 26 de
abril. Porque ontem, definitivamente, não foi.
Em três decisões, quatro lambanças dignas de nota: a do pênalti
de Fábio Costa; o pênalti infantil
que causou a expulsão do jovem e
bom Júlio César, do Botafogo, cuja
saída abriu as portas para a reação
do Flamengo num jogo fantástico e
que contou ainda com uma falha
imperdoável do goleiro Max, que
entrou no lugar do número 1 botafoguense; e o gol que Fábio, do Cruzeiro, levou, de costas, distraído, na
goleada implacável que o Galo aplicou sobre o Cruzeiro, equivalente
ao título mineiro por antecipação.
Octavio Frias
Estive poucas vezes com ele.
Na primeira, eu era do comando
da greve dos jornalistas, em 1979.
Tivemos uma conversa difícil, mas
absolutamente franca e na qual ele
fez questão de deixar bem claro como agiria diante da paralisação,
sem enganar ninguém. Assim fez.
Depois, em 1995, ao sair da Editora Abril, na qual trabalhei por 25
anos, ofereci uma coluna ao diretor
de Redação desta Folha, Otavio
Frias Filho.
Quando ele soube, transformou
minha oferta em "intimação" ao filho, ao dizer que minha coluna seria equivalente, no esporte, à de Janio de Freitas, na política.
Sei que não consegui, mas tenho
por ele profunda gratidão.
blogdojuca@uol.com.br
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