São Paulo, sábado, 30 de maio de 1998

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Medo de errar faz a diferença

THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

Gustavo Kuerten perdeu por dois motivos: não foi o mesmo Kuerten do ano passado e enfrentou um jogador que soube ser uma cópia do Kuerten-97.
Marat Safin jogou sem medo. A responsabilidade de vencer estava dividindo o mesmo lado da quadra com o brasileiro.
A pressão, já perceptível no semblante do jogador há semanas, ficou escancarada ontem no movimento do braço, quase preso junto ao corpo. O medo de errar acabou tomando conta.
Dessa forma, as bolas começaram a sair curtas. O receio de estourar o golpe fez Kuerten acertar a rebatida sempre no meio da quadra adversária, pouco além do "T" que limita as áreas de saque.
Erro fatal. Deixar um jogador de quase dois metros golpear com tranquilidade daquela área da quadra é pedir uma bola rápida, longa e, pior, que vem de cima para baixo. É o pesadelo de qualquer tenista.
Faltou concentração. Faltou mais explosão física, soltar o braço para atacar o russo, deixar o rival incomodado. Faltou tranquilidade no quarto set, quando o momento pedia mais troca de bola e menos porrada.
Faltou muita coisa, mas a derrota pode ter efeito positivo. A queda no ranking deve diminuir a badalação e dar espaço para o brasileiro respirar.
Sem entrar na questão da troca de técnico, descartada a curto prazo, uma parada para repensar a preparação de Kuerten para encarar o circuito é essencial.
Com a cabeça melhor, o resto deste ano tem tudo para ser melhor para Kuerten do que os mesmos meses em 1997. É hora de jogar tênis, só isso.



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