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TOSTÃO
Os Estaduais
As
empresas que estão chegando no
futebol terão de
aprender que vale a pena pagar alguns prejuízos, para manter
viva a paixão
Eu era totalmente contra os
campeonatos regionais, mas
vi, com o tempo, que o assunto
é complexo e merece discussão
e reflexão mais profundas.
De um lado, olhando com a
razão, vejo essas disputas locais como um jogo de interesses entre a Confederação Brasileira de Futebol, as federações estaduais,
os políticos e
os clubes.
Os presidentes das federações se elegem
com os votos
dos clubes,
principalmente os do interior, e com o
apoio da CBF.
Em compensação, retribuem
esses votos
com outros favores. É o fisiologismo característico da sociedade brasileira.
Os políticos
aproveitam o
futebol regional para ganhar votos e
agradar a suas
bases no interior. Quando
os grandes clubes jogam em
sua cidade, eles estão lá, pescando votos. Os clubes, em troca de apoio, exigem dos políticos o compromisso de continuar participando desses campeonatos.
Os grandes clubes da capital
pagam o prejuízo dos campeonatos regionais, sustentando
os pequenos clubes do interior,
por causa de interesses políticos (muitos presidentes se tornam candidatos).
Alguns jornalistas dão seu
apoio, em troca de empregos
públicos, de favores, ou porque
gostam de ser serviçais, amigos
dos dirigentes e dos políticos.
Por outro lado, olhando com
a paixão, vejo os clássicos regionais como símbolo da história, da cultura e da tradição
do futebol. Foi por meio deles
que todos nós aprendemos a
conhecer e a amar o esporte.
As pequenas equipes do interior sobrevivem formando jogadores para ser vendidos aos
da capital. Sem esses estímulos, eles vão desaparecer.
Os clássicos regionais, quando
valem pontos decisivos, enchem
os estádios, para
a alegria dos torcedores.
Ao lado do fenômeno da globalização, corre,
paralelo, o efeito
contrário: as pessoas, cada vez
mais, querem saber, principalmente, o que
aconteceu em seu
estado, em sua
cidade, em seu
bairro e em sua
rua. Estão proliferando os canais
de TVs dessas pequenas comunidades, em todo o
mundo.
Além disso, as
empresas que estão chegando no
futebol terão de
aprender que vale a pena, no esporte, pagar alguns prejuízos, para manter
viva a paixão. O prejuízo acaba se tornando um investimento.
Portanto, existem diferentes
argumentos. Na minha opinião, os campeonatos estaduais deveriam ser mantidos,
em pequenos espaços, de um
período de no máximo um
mês, com os grandes clubes da
capital participando somente
das fases finais.
Dessa maneira, o Campeonato Nacional poderia ser
mais longo, terminariam esses
absurdos jogos de sexta-feira,
e as pré-temporadas e as férias
dos atletas seriam respeitadas.
A volta do Animal
Edmundo voltou feliz para
sua casa e hoje enfrenta o Botafogo no clássico do Estadual
do Rio.
A bela cidade de Florença,
com suas ruelas, sua história,
sua cultura, era muito antiga e
velha e não lhe atraía. Seu
mundo é outro.
O time do Vasco fica muito
melhor com sua presença. Sua
ausência foi tão marcante que
o clube pagou uma quantia
muito superior à que recebeu
por sua venda.
Com Donizete a seu lado, o
ataque vascaíno fica mais rápido e habilidoso -ideal para
se jogar no contra-ataque.
Com Guilherme, o time tem
um jogador mais fixo, de conclusão -ideal para se jogar
pressionando a equipe adversária.
A grande qualidade do Edmundo são suas arrancadas
pelos lados, driblando em velocidade, em direção ao gol, ou
para a linha de fundo, servindo aos companheiros.
No entanto, ele gosta de recuar ao meio-campo, para dominar a bola e depois partir,
com dribles curtos, em direção
ao gol. Raramente consegue,
perdendo a bola para tantas
pernas de adversários a sua
frente.
Edmundo não é um jogador
de ligação do meio-campo
com o ataque, mas um atacante. Ele não é o arco, e sim a flecha. Nunca conseguirá ser as
duas coisas ao mesmo tempo,
como foram Zico, Sócrates, como é atualmente Rivaldo e outros grandes craques.
Antônio Lopes sabe disso. No
melhor momento do Vasco, o
técnico recuou Evair e deixou
Edmundo na frente, para receber os passes em profundidade. Nem Donizete nem Guilherme têm as mesmas características do atual jogador do
Palmeiras.
O treinador terá de criar outras opções, desde que não coloque o animal recuado. A fera, com sua agressividade, tem
que jogar livre, na frente, atacando o adversário.
Quando eu era menino, a
grande rivalidade mineira
-clássico das multidões-
era entre o América e o Atlético. Depois, o Cruzeiro conquistou o lugar do América. Hoje,
o Galo, renascido pela vitória
sobre o Vila Nova (5 a 1) e pelos novos projetos do clube, enfrenta o América, equipe que
tem a melhor média de aproveitamento de pontos no Campeonato Mineiro.
A Lusa treinou toda a semana, esperando o cansado Palmeiras no clássico paulista de
hoje. Zagallo, com razão, fez
uma tremenda guerra psicológica para que seu time não seja novamente prejudicado pelos árbitros. Na dúvida, inconscientemente, sem perceber, eles favorecem os clubes
de maior prestígio.
Taffarel, com classe e educação, despediu-se da seleção
brasileira, por cima, recusando sua convocação. Wanderley Luxemburgo estava pensando nele não somente para
esses amistosos, mas também
para a Copa América e para a
próxima Copa do Mundo.
O time inglês Manchester
United ganhou a Copa dos
Campeões da Europa, vencendo na decisão o Bayern de Munique, fazendo os dois gols nos
últimos minutos -o que é característica do futebol alemão.
Ficou mais interessante ver a
provável final do Mundial interclubes, contra o Palmeiras,
já que o estilo do Bayern é
muito semelhante ao do time
paulista.
Tostão escreve aos domingos e às quartas-feiras
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