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Reservas de luxo movem times no duelo de Berlim
Suplentes ganham fachada de titulares na decisão de vaga para as semifinais
Enquanto Klinsmann elege
sempre um atleta do banco para dar palestra, do outro lado Tevez e Messi atiçam
rival para motivar colegas
DO ENVIADO A HERZOGENAURACH
Na teoria, eles são apenas suplentes, jogadores que não ocupam papel central nas seleções.
Na prática, os reservas de
Alemanha e Argentina fazem
muito mais do que assistir ao
Mundial do banco. Valorizados
em suas seleções por incendiarem partidas complicadas e desempenharem papéis cruciais
fora de campo, eles travam um
duelo à parte no clássico de hoje que abre as quartas-de-final
da Copa do Mundo.
O caso mais inusitado ocorre
com os anfitriões. No café da
manhã que antecede cada jogo
da "Mannschaft", Jürgen
Klinsmann elege um reserva
para dar uma palestra.
No começo, parecia ser mais
uma idéia maluca de um treinador adepto de inovações. A tática, contudo, rendeu frutos.
Antes do jogo contra o Equador, o último da primeira fase, o
zagueiro Nowotny acabou escolhido para falar. Sua idéia:
elencar as qualidades de Lukas
Podolski, atacante que até
aquele momento não havia balançado as redes no torneio.
O polonês não só desencantou no duelo -fez um dos três
gols- como voltou a marcar
outras duas vezes, contra Suécia, já nas oitavas-de-final.
"Uma seleção não pode ter
apenas 11 atletas motivados.
Todos precisam estar com o
mesmo espírito. Só assim se ganha uma Copa do Mundo", afirma o técnico alemão.
Esse valor que atribui aos suplentes o ajuda também nos
momentos em que precisa alterar os rumos de um duelo.
Contra a Polônia, na segunda
exibição de sua equipe, o 0 a 0
prevaleceu no marcador até os
45min da etapa final. Nos
acréscimos, uma jogada feita só
por atletas que saíram determinados do banco -passe de
Odonkor, conclusão de Oliver
Neuville- assegurou a classificação para a segunda fase e a
euforia que afeta até hoje o
comportamento da torcida.
Os oponentes das quartas-de-final também buscam ao
máximo evitar uma divisão entre titulares e reservas.
Com jogadores do quilate de
Lionel Messi e Carlos Tevez entre os que não costumam estar
entre os 11 eleitos para iniciar
os jogos, a Argentina procura
criar uma divisão de status.
Exemplo: durante a semana,
coube a Tevez e Messi a missão
de, perante a imprensa, encerrar o período em que os sul-americanos ficaram calados
para se lançarem de vez como
favoritos a erguer a Taça Fifa.
Os dois atacantes esqueceram as declarações bem-comportadas e torpedearam os alemães. Questionaram o desempenho dos anfitriões e lançaram brincadeiras polêmicas,
como dizer que arrancariam a
cabeça ou o estômago do goleiro Jens Lehmann em caso de a
decisão de uma das vagas às semifinais ocorrer nos pênaltis.
"Contarmos com um plantel
de 23 jogadores unidos é uma
de nossas maiores virtudes. Todos sabem o papel crucial que
podem desempenhar nesta Copa", afirma José Pekerman.
O técnico também guarda
boas recordações da atuação de
seus suplentes. Tevez e Messi
entraram em três dos quatro
jogos disputados até o momento. Cada um marcou um gol.
Alguns alemães responderam às provocações sem muita
diplomacia. O atacante Miroslav Klose, artilheiro da Copa até
aqui (quatro gols), declarou que
os rivais até jogam bem, mas
"deram azar" de cruzar o caminho da seleção da casa.
O capitão Michael Ballack
tem opiniões mais contidas.
Declara não temer os argentinos, mas lembra que os confrontos entre as seleções no
ano passado -empates por 2 a
2 em um amistoso, em Düsseldorf, e na Copa das Confederações, em Nuremberg- mostram que é preciso cautela. "Sabemos quem vamos enfrentar,
só que perdemos a confiança.
Para onde você olha, vê jogadores com vontade de vencer na
Alemanha. Isso faz um time
campeão."0
(GUILHERME ROSEGUINI)
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