São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

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Itália espera enfrentar o seu "Sheva"

Defesa se prepara para evitar que Shevchenko, mesmo apagado na Copa, repita alto rendimento que tinha no Milan

Para marcar o atacante, que no Italiano tem a quarta melhor média de gols da história, Azzurra estuda usar esquema defensivo especial


PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

UIRÁ MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A HAMBURGO

Andriy Shevchenko ainda não mostrou na Copa o futebol que o consagrou como um dos maiores atacantes do mundo.
Sua mais recente participação pela Ucrânia foi numa cobrança de pênalti defendida pelo goleiro da Suíça, depois de um 0 a 0 que persistiu ao longo de 120 minutos nas oitavas-de-final.
Para os italianos, porém, isso não importa. Na Azzurra, não é esse o atacante ucraniano esperado para o confronto de hoje em Hamburgo.
Os integrantes da badalada defesa italiana crêem que terão de marcar "Sheva", apelido que dão ao letal atacante ucraniano do Milan, que tão bem conhecem após enfrentá-lo (ou jogar com ele) por sete temporadas.
A equipe do técnico Marcello Lippi prepara-se até mesmo para exercer um sistema defensivo diferenciado para anulá-lo.
E não é à toa que a Itália prefere, preventivamente, enxergar "seu" Shevchenko, não o de altos e baixos -com dois gols marcados, é verdade- que tem atuado pela Ucrânia na Copa.
Em sete temporadas jogando pelo Milan, Shevchenko, 29, tem uma coleção de feitos.
Ele está entre os dez maiores goleadores como novato na Série A da Itália. No campeonato de 1999/2000, quando debutou no calcio, o ucraniano fez 24 gols e se tornou o artilheiro daquele ano. E não parou por aí.
Antes de se despedir do Milan, no fim do último Campeonato Italiano, e se transferir para o Chelsea (Inglaterra), seu novo clube a partir de agora, Shevchenko se tornou o mais letal artilheiro não-italiano que ainda está em atividade, ou seja, atualmente ele é o pior inimigo possível para enfrentar a seleção Azzurra.
O goleador ucraniano fez 208 jogos pelo Milan e anotou 127 gols. Sua média (0,61 por confronto) é a quarta melhor de toda a história do calcio. Entre os 40 maiores artilheiros de todos os tempos na Itália, "Sheva" é o estrangeiro que aparece na relação e que ainda não se aposentou e o único jogador que entrou para o grupo com menos de 210 jogos disputados.
Todo esse desempenho pregresso fez com que o técnico Marcello Lippi montasse uma estratégia para "encaixotar" o camisa 7 da Ucrânia entre quatro de seus defensores.
Os zagueiros Barzagli e Cannavaro e os volantes Perrotta e Gattuso terão a tarefa de formar em volta de Shevchenko uma versão defensiva -e, esperam os italianos, mais eficiente no seu propósito- do "quadrado mágico" ofensivo utilizado pelo Brasil.
Com essa vigilância ostensiva, os italianos acreditam poder evitar que, justo contra eles, o atacante desperte no Mundial.
"Estaremos lidando com um atacante de primeira grandeza", adverte Lippi, que no entanto procura valorizar o adversário de hoje além de Shevchenko. "Não podemos achar que se o anularmos nossa classificação será mais fácil."
Essa tradicional preocupação com a defesa, porém, tem feito a seleção de Lippi receber muitas críticas, que o técnico procura desqualificar: "São exageradas", diz o treinador italiano, que promete colocar sua seleção jogando um "futebol de qualidade".
Mas talvez esteja na defesa o principal ponto de congruência entre os adversários de hoje.
Não que a Ucrânia possa ser comparada à Itália nesse item, já que levou quatro gols da Espanha logo na estréia. Mas, após sofrer a goleada, os ucranianos já fizeram mais três partidas e não tomaram mais nenhum gol. Às afirmações de que os jogos da Ucrânia não são exatamente bonitos de assistir, o técnico Oleg Blokhin responde: "Jogamos para vencer".
A filosofia foi incorporada mesmo por aqueles que jogam no ataque. Andriy Voronin, que se contundiu e está fora da Copa, afirma: "Nosso estilo de jogo não é exatamente bom para os fãs, mas tem funcionado para nós até agora. Nossa defesa deve ser boa, já que jogamos três jogos sem tomar gol".


NA TV - Itália x Ucrânia Globo, Bandsports, ESPN Brasil, Sportv e Directv, ao vivo, às 16h

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