São Paulo, sábado, 30 de julho de 2005

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FUTEBOL

Lanterna, time de Eurico Miranda cumpre, após o fim de investigações no Congresso em 2001, sua pior fase

Ressaca depois de CPIs derruba o Vasco

PEDRO LEMOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

MARCUS VINICIUS MARINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O confronto mais célebre entre Vasco e São Caetano foi a decisão da Copa João Havelange, no dia 30 de dezembro de 2000. O alambrado de São Januário cedeu, torcedores despencaram, e a partida acabou se associando à tragédia.
Hoje, cinco anos depois, os dois times se enfrentam no mesmo estádio, mas, no Vasco, então campeão nacional, tudo mudou.
As CPIs do futebol, que devassaram o esporte mais popular do país, encerraram seus trabalhos em dezembro de 2001. Ao mesmo tempo, iniciaram-se os cinco piores Brasileiros seguidos da história do clube carioca, possivelmente a equipe mais investigada em Brasília. O presidente do Vasco, Eurico Miranda, à época deputado federal e homem-forte do clube, chegou a ter pedida a cassação de seu mandato parlamentar.
O único patrocínio do time de São Januário nesses cinco anos veio da Prefeitura do Rio. No ano passado, o déficit do clube chegou a R$ 60 milhões. E, pior, o Vasco viu Eurico Miranda não conseguir reeleição em 2002, quando recebeu menos de um quarto dos votos de quatro anos antes.
"O que as CPIs demonstraram foi o alto índice de corrupção no futebol brasileiro. E não mudou nada. Não sou a favor do Eurico Miranda. O Vasco é importantíssimo no Brasil, tem raízes profundas. O mal que se faz ao Vasco é o que se faz ao futebol carioca e brasileiro", diz o presidente do rival Flamengo, Márcio Braga.
No campo, a coisa vai pior ainda. O time jamais voltou a terminar o Brasileiro entre os dez primeiros colocados. No Nacional-05, o caos: o time, que faz seu pior início de campanha na história do torneio, alcançou anteontem pela primeira vez a lanterna da competição desde o advento dos pontos corridos. Isso na rodada em que sofreu sua pior goleada em 34 anos de competição -derrota para o Atlético-PR por 7 a 2.
"Não me lembro de ter perdido desse jeito em nenhum outro momento. É claro que existe a preocupação em cair para a segunda divisão. Mesmo assim, acredito que o nosso elenco, com a chegada de uns reforços, vai tirar o clube dessa situação", diz Romário.
O lateral Jorginho Paulista, do mesmo time de 2000, vê a decisão com o São Caetano como ponto de inflexão no clube. "Tudo começou quando o alambrado caiu naquele jogo contra o São Caetano. O Vasco brigou com a televisão, não arruma parceiros e não consegue reforçar o time", diz.
O inchaço na equipe é indício da tortuosa rota que o clube traça. Neste ano, até atletas que atuavam no Sudão fizeram testes em São Januário. A caminho do clube agora estão jogadores das Ilhas Cayman -o Vasco firmou convênio com a federação de futebol do país caribenho.
No elenco, há 43 jogadores, mas o técnico Renato Gaúcho fará ao menos 15 cortes. "Só goleiros, temos seis", diz o treinador.


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