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FUTEBOL
Lanterna, time de Eurico Miranda cumpre, após o fim de investigações no Congresso em 2001, sua pior fase
Ressaca depois de CPIs derruba o Vasco
PEDRO LEMOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
MARCUS VINICIUS MARINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O confronto mais célebre entre
Vasco e São Caetano foi a decisão
da Copa João Havelange, no dia
30 de dezembro de 2000. O alambrado de São Januário cedeu, torcedores despencaram, e a partida
acabou se associando à tragédia.
Hoje, cinco anos depois, os dois
times se enfrentam no mesmo estádio, mas, no Vasco, então campeão nacional, tudo mudou.
As CPIs do futebol, que devassaram o esporte mais popular do
país, encerraram seus trabalhos
em dezembro de 2001. Ao mesmo
tempo, iniciaram-se os cinco piores Brasileiros seguidos da história do clube carioca, possivelmente a equipe mais investigada em
Brasília. O presidente do Vasco,
Eurico Miranda, à época deputado federal e homem-forte do clube, chegou a ter pedida a cassação
de seu mandato parlamentar.
O único patrocínio do time de
São Januário nesses cinco anos
veio da Prefeitura do Rio. No ano
passado, o déficit do clube chegou
a R$ 60 milhões. E, pior, o Vasco
viu Eurico Miranda não conseguir reeleição em 2002, quando
recebeu menos de um quarto dos
votos de quatro anos antes.
"O que as CPIs demonstraram
foi o alto índice de corrupção no
futebol brasileiro. E não mudou
nada. Não sou a favor do Eurico
Miranda. O Vasco é importantíssimo no Brasil, tem raízes profundas. O mal que se faz ao Vasco é o
que se faz ao futebol carioca e brasileiro", diz o presidente do rival
Flamengo, Márcio Braga.
No campo, a coisa vai pior ainda. O time jamais voltou a terminar o Brasileiro entre os dez primeiros colocados. No Nacional-05, o caos: o time, que faz seu pior
início de campanha na história do
torneio, alcançou anteontem pela
primeira vez a lanterna da competição desde o advento dos pontos
corridos. Isso na rodada em que
sofreu sua pior goleada em 34
anos de competição -derrota
para o Atlético-PR por 7 a 2.
"Não me lembro de ter perdido
desse jeito em nenhum outro momento. É claro que existe a preocupação em cair para a segunda
divisão. Mesmo assim, acredito
que o nosso elenco, com a chegada de uns reforços, vai tirar o clube dessa situação", diz Romário.
O lateral Jorginho Paulista, do
mesmo time de 2000, vê a decisão
com o São Caetano como ponto
de inflexão no clube. "Tudo começou quando o alambrado caiu
naquele jogo contra o São Caetano. O Vasco brigou com a televisão, não arruma parceiros e não
consegue reforçar o time", diz.
O inchaço na equipe é indício da
tortuosa rota que o clube traça.
Neste ano, até atletas que atuavam
no Sudão fizeram testes em São
Januário. A caminho do clube
agora estão jogadores das Ilhas
Cayman -o Vasco firmou convênio com a federação de futebol
do país caribenho.
No elenco, há 43 jogadores, mas
o técnico Renato Gaúcho fará ao
menos 15 cortes. "Só goleiros, temos seis", diz o treinador.
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