São Paulo, domingo, 30 de julho de 2006

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Europa põe futebol em zona de conflito armado

Copas continentais prevêem jogos em Israel, envolvido em confronto bélico

Rival do Liverpool na Copa dos Campeões, Maccabi Haifa manda jogo em cidade bombardeada quase que diariamente pelo Hizbollah

DA REPORTAGEM LOCAL

O futebol não conseguiu passar incólume ao conflito armado que opõe Israel ao Hizbollah há 19 dias. O sorteio das copas européias trouxe incerteza para quatro clubes que terão rivais israelenses pela frente.
O que ainda não se sabe é se, diante do fogo cruzado, os jogos poderão ser realizados nos locais previamente marcados pela Uefa, entidade que comanda o futebol no velho continente.
"O simples fato de se programar uma partida para uma cidade israelense é uma loucura. A Uefa não pode nos colocar em risco", disse o técnico do Liverpool, o espanhol Rafa Benítez.
Ganhador da Copa dos Campeões em 2005, o time inglês tenta impedir que o jogo ocorra em território israelense.
Para piorar, Haifa -que fica próxima à fronteira com o sul do Líbano, principal teatro de operações do conflito- tem sido atingida diariamente por foguetes disparados por integrantes do Hizbollah.
Por enquanto, a situação não preocupa a Uefa. Os primeiros jogos programados para Israel estão marcados para 10 de agosto. Até lá, acredita a entidade, as coisas podem mudar.
"A situação tem se modificado diariamente e ainda temos um pouco de tempo", disse Rob Faulkner, porta-voz do órgão.
De imediato, a Uefa solicitou às autoridades israelenses que apresentem um plano com alternativas caso a segurança no país torne inviável a realização de partidas de futebol.
Entre 2000 e 2004, não houve jogos internacionais em Israel por causa da segunda Intifada, conflito que opôs israelenses e palestinos. No período, os clubes mandaram seus jogos em países como a Itália.
Com o fim da proibição, a Uefa passou a admitir confrontos desde que eles fossem realizados apenas em Tel-Aviv, considerada uma das cidades mais seguras do mundo -possui, por exemplo, um moderno sistema de destruição de mísseis inimigos em pleno vôo.
O futebol nunca soube ao certo o que fazer com Israel. Geograficamente, o Estado (criado em 1948) está na Ásia.
Ali, porém, boa parte de seus adversários se recusam a enfrentá-lo. São os países de maioria árabe, caso do Líbano.
Por causa disso, Israel já passou pelas confederações da Oceania e da África, além da própria Ásia, antes de chegar à Europa, quando foi aceita em 1994 e passou a enfrentar adversários menos radicais no campo político-religioso.
O futebol israelense disputou uma única Copa do Mundo: a do México-70, na qual foi eliminado na primeira fase após empates com Suécia e Itália e derrota para o Uruguai.
O conflito também atrapalha o futebol do Líbano. A Confederação Asiática de Futebol solicitou ao país que indique campos neutros para dois confrontos previstos pelas eliminatórias da Copa do continente, contra Bahrein e Austrália (nos dias 6 e 15 de setembro).
Bin Hammam, presidente da confederação, disse que as datas não serão modificadas. "Se o cenário de violência prosseguir até setembro, precisamos pensar em jogar em locais mais seguros", afirmou o cartola.
A Austrália, que fará a sua estréia jogando pelo continente asiático (o país deixou a Oceania por causa de sua superioridade em relação aos rivais), diz esperar poder viajar a Beirute normalmente para o jogo.


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