São Paulo, segunda-feira, 30 de julho de 2007

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Com torcida a favor e potências desfalcadas, Brasilfecha Jogos cariocas com recorde de medalhas

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Acabou o Pan do Rio. E o Brasil bateu recordes de pódios (161) e quase dobrou o seu número de medalhas de ouro (54) em relação a Santo Domingo (29), quatro anos atrás. Só que vai ser muito difícil manter a euforia na Olimpíada de Pequim, em agosto de 2008. E o motivo principal é que os grandes puxadores de medalhas em solo carioca foram justamente três modalidades que estão entre as mais nobres e competitivas do programa olímpico, e as marcas obtidas pelos brasileiros em solo carioca, com raras exceções, ficariam longe do pódio. O Brasil ganhou 25 medalhas de ouro somando atletismo, ginástica artística e natação, ou 46% do total de medalhas douradas do país no Rio. Em Santo Domingo, foram oito ouros nessas modalidades, ou 28%. No Rio, a delegação nacional ficou a apenas oito medalhas dos EUA nesses esportes. Nos demais, perdeu por 64 a 29. Só que, a começar pelos próprios americanos, a realidade olímpica não tem nada a ver com o que aconteceu no Rio. "Estimo que 25% da nossa delegação em 2008 será formada por gente que esteve no Rio", disse Steve Roush, do Comitê Olímpico Americano. E essa cota será ainda mais reduzida no atletismo e na natação. Não bastasse o nível dos rivais, os brasileiros ainda precisam evoluir suas marcas. Dentre as 12 medalhas de ouro na natação, o único tempo que renderia o topo do pódio na última Olimpíada é o de César Cielo Filho nos 50 m livre. Já os nove ouros conquistados no atletismo aconteceram com performances que, na maioria, não seriam suficientes para os brasileiros passarem das eliminatórias em uma Olimpíada. Algumas vitórias foram com marcas que nem atingem o índice mínimo exigido para ir a Pequim, como as de Juliana dos Santos (1.500 m) e Fábio Gomes (salto com vara). Na ginástica artística, a mudança no sistema de pontuação impede comparação com os Jogos de Atenas, mas as marcas obtidas pelos brasileiros no Rio ficaram longe das dos campeões do último Mundial. Antes de Pequim, o Brasil terá desafios bem mais duros que o Pan, como Mundiais e classificatórios para a Olimpíada. O Comitê Olímpico Brasileiro ficou eufórico com a atuação no Pan, mas evita falar em Pequim. "Não dá para fazer projeções, não há ainda classificação de equipes e atletas. Estamos a mais de um ano dos Jogos", disse Carlos Arthur Nuzman, o presidente do COB. Segundo ele, os resultados brasileiros causaram "surpresa externa". Quanto ao Pan, realmente o COB tem mais motivos para comemorar. O Brasil ficou a apenas cinco medalhas de ouro de Cuba na disputa pelo segundo lugar e deixou para trás o Canadá. No número total de premiações, superou os caribenhos. E alcançou o pódio em 38 modalidades, o mesmo que os EUA. O inchaço da equipe, no entanto, mostrou efeitos negativos. Dos quase 700 atletas inscritos no Pan, 46% saíram premiados. Em Santo Domingo, esse índice havia sido de 60%.


Colaborou EDUARDO OHATA , enviado especial ao Rio

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