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Com torcida a favor e potências desfalcadas, Brasilfecha Jogos cariocas com recorde de medalhas
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Acabou o Pan do Rio.
E o Brasil bateu recordes de
pódios (161) e quase dobrou o
seu número de medalhas de ouro (54) em relação a Santo Domingo (29), quatro anos atrás.
Só que vai ser muito difícil
manter a euforia na Olimpíada
de Pequim, em agosto de 2008.
E o motivo principal é que os
grandes puxadores de medalhas em solo carioca foram justamente três modalidades que
estão entre as mais nobres e
competitivas do programa
olímpico, e as marcas obtidas
pelos brasileiros em solo carioca, com raras exceções, ficariam longe do pódio.
O Brasil ganhou 25 medalhas
de ouro somando atletismo, ginástica artística e natação, ou
46% do total de medalhas douradas do país no Rio. Em Santo
Domingo, foram oito ouros
nessas modalidades, ou 28%.
No Rio, a delegação nacional
ficou a apenas oito medalhas
dos EUA nesses esportes. Nos
demais, perdeu por 64 a 29.
Só que, a começar pelos próprios americanos, a realidade
olímpica não tem nada a ver
com o que aconteceu no Rio.
"Estimo que 25% da nossa
delegação em 2008 será formada por gente que esteve no Rio",
disse Steve Roush, do Comitê
Olímpico Americano. E essa
cota será ainda mais reduzida
no atletismo e na natação.
Não bastasse o nível dos rivais, os brasileiros ainda precisam evoluir suas marcas. Dentre as 12 medalhas de ouro na
natação, o único tempo que
renderia o topo do pódio na última Olimpíada é o de César
Cielo Filho nos 50 m livre.
Já os nove ouros conquistados no atletismo aconteceram
com performances que, na
maioria, não seriam suficientes
para os brasileiros passarem
das eliminatórias em uma
Olimpíada. Algumas vitórias
foram com marcas que nem
atingem o índice mínimo exigido para ir a Pequim, como as de
Juliana dos Santos (1.500 m) e
Fábio Gomes (salto com vara).
Na ginástica artística, a mudança no sistema de pontuação
impede comparação com os Jogos de Atenas, mas as marcas
obtidas pelos brasileiros no Rio
ficaram longe das dos campeões do último Mundial.
Antes de Pequim, o Brasil terá desafios bem mais duros que
o Pan, como Mundiais e classificatórios para a Olimpíada.
O Comitê Olímpico Brasileiro ficou eufórico com a atuação
no Pan, mas evita falar em Pequim. "Não dá para fazer projeções, não há ainda classificação
de equipes e atletas. Estamos a
mais de um ano dos Jogos", disse Carlos Arthur Nuzman, o
presidente do COB. Segundo
ele, os resultados brasileiros
causaram "surpresa externa".
Quanto ao Pan, realmente o
COB tem mais motivos para comemorar. O Brasil ficou a apenas cinco medalhas de ouro de
Cuba na disputa pelo segundo
lugar e deixou para trás o Canadá. No número total de premiações, superou os caribenhos. E
alcançou o pódio em 38 modalidades, o mesmo que os EUA.
O inchaço da equipe, no entanto, mostrou efeitos negativos. Dos quase 700 atletas inscritos no Pan, 46% saíram premiados. Em Santo Domingo,
esse índice havia sido de 60%.
Colaborou EDUARDO OHATA , enviado
especial ao Rio
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