Brasileiro derrota chileno de forma dramática, lembrando final de 2003

Após salvar 2 match points, repetindo o que já fizera na semifinal, tenista paulista sela ouro no tie-break da final e diz ser grande patriota

LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A última medalha do Brasil no Pan custou a sair e foi de forma dramática. No início da tarde de ontem, Flávio Saretta, 27, salvou dois match points e bateu o chileno Adrian García por 2 sets a 1 na final do torneio masculino de simples de tênis.
"Foi a primeira vez na vida que salvei match points na semifinal e na final. Vi a medalha ir duas vezes para o saco", falou o campeão, que, contra o argentino Eduardo Schwank, também salvou dois pontos que dariam a vitória ao adversário.
Com seu primeiro ouro em Pans, o tenista afirmou que a final anterior dos Jogos, última partida de Fernando Meligeni, campeão em Santo Domingo, serviu de motivação. "Até hoje, sabendo do resultado, quando assisto àquela partida contra o Marcelo Ríos, acho que o Meligeni vai perder. Ele lutou até o fim, salvou match points... Serviu de inspiração para mim."
Saretta comentou que foi uma competição complicada, pelo nível técnico e pelas idas e vindas à quadra pelas chuvas.
Ele aproveitou para exaltar seu patriotismo, recordando um dissabor que viveu na Costa do Sauípe, em fevereiro. "Joguei com o Guga há uns meses na Bahia e teve brasileiro na arquibancada me chamando de argentino. Está aí a resposta, dei tudo na quadra, prova de quanto luto pelo Brasil."
Agendada para anteontem, a decisão teve data e palco transferidos em razão do mau tempo. Os jogadores até entraram na quadra do Marapendi, mas nem chegaram a trocar bolas pela chuva. A partida então ocorreu na quadra coberta de academia no bairro do Recreio.
"Qualquer barulhinho na quadra coberta dá um eco, que fica alto para os jogadores, desconcentra um pouco", observou o brasileiro, que teve o saque quebrado logo no primeiro game. Mais tarde, ele se recuperou no set e conseguiu duas quebras para fechar em 6 a 3.
No segundo set, o chileno -139º no ranking da ATP, uma posição atrás de Saretta- acertou várias bolas sobre as linhas, para fechar em 6 a 4. Saretta reconheceu depois que ficou nervoso àquela altura, inclusive atirando sua raquete no chão.
O terceiro set começou bem para o brasileiro, que logo quebrou o serviço do rival. Mas não conseguiu segurar a vantagem, perdendo seu saque três vezes até chegar à desvantagem de 3 a 5, com García tendo duas chances de acabar o jogo. Mas o tenista reagiu, devolveu as quebras e forçou o tie-brake, vencido por 7 a 2. À moda Meligeni.


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