São Paulo, segunda-feira, 30 de julho de 2007

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FESTA

Mais uma vez, Maracanã destina vaias a políticos

Presidente da Odepa diz ter visto o melhor Pan da história e destaca o fato de a competição não ter registrado doping

Ao dar aval aos Jogos do Rio, Mario Vázquez Raña atende ao anseio dos dirigentes brasileiros, que sonham com os Jogos Olímpicos

Fernando Donasci/Folha Imagem
Cerimônia de encerramento dos Jogos Pan-Americanos no Rio, realizada ontem à tarde no estádio do Maracanã, que, a exemplo do que ocorreu na festa de abertura, rgistrou vaias a políticos

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O Maracanã voltou a ser palco de vaias para os políticos. A organização do Pan, porém, ganhou o elogio que tanto esperava. Em seu discurso, o presidente da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), o mexicano Mario Vázquez Raña, afirmou que o Rio organizou a melhor edição da história.
A frase não é novidade, já foi repetida em outras edições, mas ficou fora no pronunciamento em Santo Domingo-2003, marcado pela desorganização. Ao dar o seu aval aos Jogos do Rio, Raña apoiou publicamente a candidatura do país aos Jogos Olímpicos em 2016.
"O Pan passa para a história. Demostramos ao mundo que podemos realizar nas Américas os Jogos Olímpicos. Até 2016", disse o mexicano.
A declaração de Raña surpreendeu. Anteontem, o dirigente evitou citar "o melhor Pan" da história em entrevista coletiva. Ele ainda disse que o Pan não era passe para um país sediar os Jogos Olímpicos.
Raña também elogiou os atletas e o esquema de segurança e disse que a competição foi um dos Jogos "mais limpos". Até agora, nenhum atleta foi flagrado no exame antidoping.
O presidente do Co-Rio, Carlos Arthur Nuzman, também fez elogios à organização. "A cidade transcorreu na mais perfeita ordem e consolidou a capacidade do Brasil de realizar grandes eventos", gritou ele.
Apesar da festa, os políticos foram novamente vaiados. Na cerimônia de abertura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu vaias dos torcedores.
A situação embaraçosa o irritou e gerou uma crise no governo, que acusou opositores de orquestrar o protesto. Por causa da manifestação popular, ele não declarou aberto o evento.
Ontem, além de Lula, que não foi ao estádio, o prefeito Cesar Maia (DEM) e o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), foram alvo do público. Todos receberam vaias quando o presidente da Odepa agradecia ao apoio de cada um deles na organização. Os governos (federal, estadual e municipal) gastaram cerca de R$ 3,7 bilhões no Pan. O valor é quase 800% superior ao previsto.
"Achei as vaias normais. Eu tinha orquestrado as vaias para o Lula e agora fiz isso para mim", disse Maia, em tom de ironia, ao deixar o Maracanã.
A cerimônia de encerramento não foi tão bonita e empolgante como a de abertura.
Enquanto Fernanda Abreu cantava sucessos do funk, atletas e o público começaram a sair antes do fim do evento. Se na primeira festa o estádio estava lotado, ontem havia vários clarões nas arquibancadas.
Os bombeiros que atuaram no resgate dos corpos do acidente em Congonhas, em São Paulo, homenagearam as vítimas com a bandeira do Brasil.


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