|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasileiro despreza juiz paulista
DA REPORTAGEM LOCAL
Principal força da arbitragem
no futebol brasileiro nos últimos
anos, São Paulo vê sua participação despencar nas duas principais
divisões do Brasileiro em 2002.
Na Série A, apenas 13% dos 70
jogos iniciais da competição tiveram a indicação de um paulista
para chefiar o trio de arbitragem.
Em 2001, no mesmo número de
partidas iniciais do Nacional, a
parte no bolo do apito do Estado
foi de 27%. Dois anos antes, em
1999, 25% de todos os jogos do
mais importante certame do país
tiveram um paulista como juiz.
Fora da elite, a arbitragem de
São Paulo também tem pouco espaço na Série B. Lá, a participação
do Estado não passa dos 12%.
Dos três juízes paulistas que fazem parte do quadro da Fifa, o
único que apitou mais de uma
partida até anteontem na Série A
foi Paulo César de Oliveira.
O desprezo acontece após um
dos maiores escândalos no setor,
em que Armando Marques, chefe
da comissão de arbitragem da
CBF, se desentendeu com Alfredo
Santos Loebeling, de São Paulo, e
Gustavo Caetano Rogério, diretor
da Escola de Árbitros da FPF.
Na decisão da Série B do Brasileiro-2001, entre Figueirense e Caxias, Loebeling, árbitro do jogo,
interrompeu a partida após a torcida do Figueirense invadir o gramado a dois minutos de seu final.
Loebeling disse, na ocasião, que
relataria que o jogo não havia sido
encerrado quando ocorreu o incidente. Na súmula, no entanto,
mudou sua versão. Disse depois
que fora pressionado por Marques, que chegou a ser afastado.
Marques foi absolvido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Loebeling foi suspenso por 180 dias. Mesmo fazendo parte do quadro da Fifa, ele ainda não
trabalhou neste Brasileiro.
Para o presidente da comissão
de arbitragem da FPF, Amilcar
Casado, não há motivos para os
juízes paulistas não serem escalados para os jogos do Brasileiro.
"Nossos árbitros estão aptos a
atuar, mas quem faz a escala é a
CBF", afirmou Casado.
Para ele, a continuidade dessa
escala no Nacional pode prejudicar os árbitros paulistas.
"Sem atuar, eles não recebem e
não podem mostrar seu trabalho.
A projeção desses juízes fica comprometida", disse ele.
Longe das partidas da elite do
país, os paulistas deixam de faturar com o futebol. Para cada jogo
da primeira divisão do Brasileiro,
um árbitro da Fifa, além das despesas, recebe R$ 2.500.
"Falar sobre isso pode até refletir negativamente para nós. Estou
aguardando uma nova oportunidade", disse Romildo Corrêa, que
atuou apenas na primeira rodada
no jogo entre Inter e Flamengo.
No ano passado, ele havia trabalhado nas seis jornadas iniciais.
(PAULO COBOS E DIOGO PINHEIRO)
Texto Anterior: Após 2º fiasco, Murtosa decide cancelar treino Próximo Texto: Boxe - Eduardo Ohata: Cerco fechado Índice
|