São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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Brasileiro despreza juiz paulista

DA REPORTAGEM LOCAL

Principal força da arbitragem no futebol brasileiro nos últimos anos, São Paulo vê sua participação despencar nas duas principais divisões do Brasileiro em 2002.
Na Série A, apenas 13% dos 70 jogos iniciais da competição tiveram a indicação de um paulista para chefiar o trio de arbitragem.
Em 2001, no mesmo número de partidas iniciais do Nacional, a parte no bolo do apito do Estado foi de 27%. Dois anos antes, em 1999, 25% de todos os jogos do mais importante certame do país tiveram um paulista como juiz.
Fora da elite, a arbitragem de São Paulo também tem pouco espaço na Série B. Lá, a participação do Estado não passa dos 12%.
Dos três juízes paulistas que fazem parte do quadro da Fifa, o único que apitou mais de uma partida até anteontem na Série A foi Paulo César de Oliveira.
O desprezo acontece após um dos maiores escândalos no setor, em que Armando Marques, chefe da comissão de arbitragem da CBF, se desentendeu com Alfredo Santos Loebeling, de São Paulo, e Gustavo Caetano Rogério, diretor da Escola de Árbitros da FPF.
Na decisão da Série B do Brasileiro-2001, entre Figueirense e Caxias, Loebeling, árbitro do jogo, interrompeu a partida após a torcida do Figueirense invadir o gramado a dois minutos de seu final.
Loebeling disse, na ocasião, que relataria que o jogo não havia sido encerrado quando ocorreu o incidente. Na súmula, no entanto, mudou sua versão. Disse depois que fora pressionado por Marques, que chegou a ser afastado.
Marques foi absolvido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Loebeling foi suspenso por 180 dias. Mesmo fazendo parte do quadro da Fifa, ele ainda não trabalhou neste Brasileiro.
Para o presidente da comissão de arbitragem da FPF, Amilcar Casado, não há motivos para os juízes paulistas não serem escalados para os jogos do Brasileiro.
"Nossos árbitros estão aptos a atuar, mas quem faz a escala é a CBF", afirmou Casado.
Para ele, a continuidade dessa escala no Nacional pode prejudicar os árbitros paulistas.
"Sem atuar, eles não recebem e não podem mostrar seu trabalho. A projeção desses juízes fica comprometida", disse ele.
Longe das partidas da elite do país, os paulistas deixam de faturar com o futebol. Para cada jogo da primeira divisão do Brasileiro, um árbitro da Fifa, além das despesas, recebe R$ 2.500.
"Falar sobre isso pode até refletir negativamente para nós. Estou aguardando uma nova oportunidade", disse Romildo Corrêa, que atuou apenas na primeira rodada no jogo entre Inter e Flamengo. No ano passado, ele havia trabalhado nas seis jornadas iniciais. (PAULO COBOS E DIOGO PINHEIRO)



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