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O melhor Brasil
País fecha campanha de recordes em Atenas com título no vôlei e prova de heroísmo na maratona
DOS ENVIADOS A ATENAS
O Brasil jamais vai esquecer o
último dia da Olimpíada de Atenas. Foi o dia da medalha de ouro
do vôlei masculino. Foi o dia do
recorde de ouros da história nacional. Foi o dia em que o Brasil
chegou ao 18º lugar na classificação dos Jogos. E foi também o dia
em que um brasileiro chegou perto de terminar em primeiro lugar
uma maratona emblemática
-disputada na rota original-,
mas acabou prejudicado por um
incidente incrível.
O berço histórico dos Jogos reservou aos brasileiros um final
apoteótico e surpreendente.
Após a decepção de sábado,
quando o vôlei e o basquete femininos ficaram sem medalha de
bronze, e o revezamento 4 x 100 m
do atletismo não repetiu sua prata, o Brasil viu ontem a equipe de
Bernardinho chegar ao segundo
ouro olímpico da modalidade.
O jogo decisivo
foi uma espécie de
microcosmo do
último final de semana olímpico:
um começo fácil,
a derrota no segundo set e a retomada do time,
que chegou à vitória por 3 sets a 1.
É a primeira vez
desde a década de
80, época da supremacia dos EUA, que uma seleção masculina acumula os títulos
mundial e olímpico.
O resultado garantiu ao Brasil
seu quarto ouro, algo que o país
jamais havia conquistado em
uma Olimpíada -o recorde, de
três, era de Atlanta-96.
Esse quarto ouro alçou a delegação brasileira ao 18º lugar na classificação final dos Jogos. É a terceira melhor posição do Brasil.
Perde apenas para uma Olimpíada em que houve boicote (Moscou-80) e para a edição de 1920,
em Antuérpia, Bélgica.
Quando a sorte brasileira em
Atenas já parecia definida, a grande surpresa da competição.
Vanderlei Cordeiro de Lima, 35,
paranaense de Cruzeiro D'Oeste,
assumiu a liderança da maratona,
a última medalha em disputa na
Olimpíada grega.
Faltavam cerca de 6 dos 42,195
km da prova quando ele foi agarrado por um espectador, que invadiu a pista e o derrubou.
O brasileiro perdeu oito segundos, mas ainda fechou o percurso
com a inédita medalha de bronze
na prova mais simbólica da Olimpíada -e o primeiro pódio nacional obtido em corridas de fundo no atletismo.
Foi também a primeira medalha da modalidade em Atenas. A
delegação do Brasil protestou por
causa da invasão; o resultado,
contudo, foi mantido.
"Só de estar numa Olimpíada já
é muita alegria. O bronze coroou
minha vida no esporte", disse um
conformado Lima. De toda forma, o Brasil tenta novo recurso
para mudar o resultado.
A maluquice colocou em xeque
a segurança olímpica -sem qualquer arranhão durante os Jogos-, que envolveu todo tipo de
força militar e policial, consumindo cerca de US$ 1,5 bilhão.
Um ex-padre irlandês provou
ao mundo, com uma ação desoladora para os brasileiros, que o
megaesquema de segurança era
vulnerável.
A 28ª Olimpíada da Era Moderna chegou ao final e entrou para a
história do Brasil. Mas o Brasil
também teve garantido seu lugar
na história da Olimpíada.
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