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O PERSONAGEM
"Quando nos vemos, falamos sobre vôlei", conta filho e "clone'
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Bruno ligou para o pai na
sexta-feira e, como sempre faz
antes de partidas decisivas,
perguntou como estava o time.
A resposta seca e direta o surpreendeu: "Ótimo".
"Nunca ouvi nada diferente
de "mais ou menos". Meu pai é
exigente demais. Ele sempre vê
um defeito, uma coisa que
possa melhorar. Por isso, senti
que podia ficar tranqüilo, parecia um sinal", conta o filho
de Bernardinho com a ex-jogadora Vera Mossa.
A eterna insatisfação do pai,
porém, não o incomoda. Bruno, 18, não herdou de Bernardinho só a posição de levantador. Também tem os mesmos
temperamento e obsessão.
O que fazem quando conseguem se encontrar? "A gente
gosta de falar sobre vôlei."
Os encontros quase monotemáticos são esporádicos. Bruno mora em Florianópolis,
Bernardinho, no Rio, e os dois
vivem viajando. Mas isso não
impede o pai de exercer seu lado "treinador". Bernardinho
não só dá palpites na forma de
atuar do filho, jogador da Unisul, como também exige dele
empenho nos estudos.
"Ele pega no pé mesmo, é rigoroso, mas nem precisa. Eu
sou como ele", conta. "Somos
grandes amigos. Quando eu
era novo, sentia a ausência.
Agora tento mantê-lo sempre
perto, nem que seja por telefone", diz ele, que tem uma irmã,
Júlia, 2, filha de Bernardinho
com Fernanda Venturini.
Nos contatos durante competições importantes, Bruno
procura poupar o pai e tenta
não falar sobre seus problemas, como agora.
"Preciso decidir coisas na
minha vida, mas quero deixá-lo concentrado", afirma.
Bruno acompanhou Bernardinho na conquista da medalha de bronze em Sydney-00,
com o time feminino. Desta
vez, teve de ficar no Brasil, mas
conseguiu notar uma diferença no comportamento do pai.
"Ele estava mais concentrado. Acho que nunca esteve tão
preparado para vencer."
Determinado, vencedor,
exemplo são algumas das palavras que Bruno escolhe para
definir o pai, em uma clara relação com o técnico da seleção.
Mas na hora de falar sobre o
homem com quem às vezes foge para comer uma pizza, ele
relembra uma história.
Na BCV Cup, torneio feminino realizado em 1995, Bernardinho fez uma promessa
pelo título. Pularia em uma lago congelado com toda a comissão técnica. Ele venceu.
"Imagine a cena de todos
eles pagando o mico, morrendo de frio", diverte-se. "Então,
esse é meu pai. Um sujeito trabalhador, dedicado, vitorioso,
mas também amigo, carinhoso e capaz de fazer maluquices
como essa."
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