São Paulo, domingo, 30 de setembro de 2007

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JUCA KFOURI

Marta é de Marte


Não há no mundo hoje quem jogue futebol com a qualidade da alagoana que usa a 10 da seleção brasileira

MARTA É de morte.
É muito mais que uma goleadora implacável, com média superior a um gol por partida em Copas do Mundo.
Não é apenas a inventora de dribles espetaculares que revelam um repertório inesgotável. Marta é imarcável. Marta não se limita a ser a atacante que é, a camisa 10 daquelas que exigem a bola no pé.
Não, Marta a busca onde puder.
Marta marca, se mete, se intromete, ajuda, facilita, não pára, atrapalha, mulher esquadra, como diriam na Itália. Marta mistura Pelé com Mané, altiva, soberana, brincalhona, dá gosto de ver.
Dona Marta não é só a Marta dona de talento sem igual, é alguém que joga bola como a bola pediu ao céu.
Não queiram vê-la jogando entre os homens, porque Marta não tem gênero, é gênio, e gênio não tem sexo, tem arte, e arte não tem limite, tem graça, e graça é como Marta, gênio da raça.
Quem dera alguém tivesse seu talento para descrevê-la, craque incomparável que é, melhor do mundo, deste mundo do futebol que parecia não ter mais lugar para alguém como Marta, rainha genial.

É hoje!
O Brasil não vai parar como as mulheres mereciam para ver a reedição de saias da final da Copa de 2002, também na Ásia.
Se então a trupe dos Ronaldos e Rivaldo era a favorita, hoje, ainda por um certo resquício do nosso atávico complexo de inferioridade, quando olhamos para as alemãs de saúde premiada sentimos um certo frio na barriga, também conhecido como paúra, embora a goleada sobre os Estados Unidos devesse ter sido suficiente para afastá-la.
Seja como for, a menos que ocorra uma tragédia como a que se abateu sobre o Botafogo no Monumental de Nuñez, ou melhor, a menos que ocorra um vexame como o proporcionado pelo River Plate com um jogador a menos, o que a seleção brasileira fez na China é o bastante para saudá-la como um dos melhores times que já vestiram a camisa amarela pentacampeã.
Que prevaleça o espírito do São Paulo diante do Boca Juniors, ou do Vasco perante o Lanús, como mais demonstração de que quem joga futebol no Brasil é capaz de vencer até mesmo os cartolas que não estão à altura de comandá-lo.

Ah, e tem também...
...Campeonato Brasileiro. Sete jogos com só dois favoritos destacados, o Cruzeiro, no Mineirão, contra o Figueirense, e o Palmeiras, no Machadão, contra o América. Porque os demais são todos de prognóstico complicado, dentre eles os dois mais interessantes, os clássicos Inter x São Paulo, no Beira-Rio, e Santos x Vasco, na Vila.
Moralmente fortalecidos pela virada na Copa Sul-Americana, os cariocas pegam os santistas meio despersonalizados por algum estranho fenômeno ainda não exatamente identificado. E os gaúchos colorados recebem os tricolores com a torcida do país inteiro querendo ver o que parece impossível, um tropeço do virtual pentacampeão brasileiro, que, além do mais, ao eliminar o Boca, mostrou que é o melhor do país não só porque o nível por aqui anda baixo.

blogdojuca@uol.com.br

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