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JUCA KFOURI
Marta é de Marte
Não há no mundo hoje quem jogue futebol com a qualidade da alagoana que usa a 10 da seleção brasileira
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MARTA É de morte.
É muito mais que uma
goleadora implacável, com
média superior a um gol por partida
em Copas do Mundo.
Não é apenas a inventora de dribles espetaculares que revelam um
repertório inesgotável. Marta é
imarcável. Marta não se limita a ser
a atacante que é, a camisa 10 daquelas que exigem a bola no pé.
Não, Marta a busca onde puder.
Marta marca, se mete, se intromete, ajuda, facilita, não pára, atrapalha, mulher esquadra, como diriam
na Itália. Marta mistura Pelé com
Mané, altiva, soberana, brincalhona,
dá gosto de ver.
Dona Marta não é só a Marta dona
de talento sem igual, é alguém que
joga bola como a bola pediu ao céu.
Não queiram vê-la jogando entre
os homens, porque Marta não tem
gênero, é gênio, e gênio não tem sexo, tem arte, e arte não tem limite,
tem graça, e graça é como Marta, gênio da raça.
Quem dera alguém tivesse seu talento para descrevê-la, craque incomparável que é, melhor do mundo, deste mundo do futebol que parecia não ter mais lugar para alguém
como Marta, rainha genial.
É hoje!
O Brasil não vai parar como as
mulheres mereciam para ver a reedição de saias da final da Copa de
2002, também na Ásia.
Se então a trupe dos Ronaldos e
Rivaldo era a favorita, hoje, ainda
por um certo resquício do nosso
atávico complexo de inferioridade,
quando olhamos para as alemãs de
saúde premiada sentimos um certo
frio na barriga, também conhecido
como paúra, embora a goleada sobre os Estados Unidos devesse ter
sido suficiente para afastá-la.
Seja como for, a menos que ocorra uma tragédia como a que se abateu sobre o Botafogo no Monumental de Nuñez, ou melhor, a menos que ocorra um vexame como o
proporcionado pelo River Plate
com um jogador a menos, o que a
seleção brasileira fez na China é o
bastante para saudá-la como um
dos melhores times que já vestiram
a camisa amarela pentacampeã.
Que prevaleça o espírito do São
Paulo diante do Boca Juniors, ou
do Vasco perante o Lanús, como
mais demonstração de que quem
joga futebol no Brasil é capaz de
vencer até mesmo os cartolas que
não estão à altura de comandá-lo.
Ah, e tem também...
...Campeonato Brasileiro. Sete
jogos com só dois favoritos destacados, o Cruzeiro, no Mineirão,
contra o Figueirense, e o Palmeiras, no Machadão, contra o América. Porque os demais são todos de
prognóstico complicado, dentre
eles os dois mais interessantes, os
clássicos Inter x São Paulo, no Beira-Rio, e Santos x Vasco, na Vila.
Moralmente fortalecidos pela virada na Copa Sul-Americana, os cariocas pegam os santistas meio despersonalizados por algum estranho
fenômeno ainda não exatamente
identificado. E os gaúchos colorados recebem os tricolores com a
torcida do país inteiro querendo
ver o que parece impossível, um
tropeço do virtual pentacampeão
brasileiro, que, além do mais, ao eliminar o Boca, mostrou que é o melhor do país não só porque o nível
por aqui anda baixo.
blogdojuca@uol.com.br
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