São Paulo, domingo, 30 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Os alemães estavam anos-luz à frente dos outros", diz testemunha

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A FUJI

Ídolo da TV britânica, comentarista de automobilismo da BBC desde 1949, antes da criação da F-1, Murray Walker, 84, teve acesso ao paddock de Donington naquele 2 de outubro de 1937. E viveu a chance de ficar perto de seus ídolos, como Bernd Rosemeyer, Richard Seaman e Rudolf Caracciola.
Hoje relações-públicas da Honda, ele falou à Folha, em Fuji, sobre a experiência.

FOLHA - Quais são suas recordações daquela corrida?
MURRAY WALKER -
Foi por causa de um amigo da família, Joe Woodhouse, que fui àquela corrida. Joe era distribuidor de carros ingleses na Alemanha. Ele tinha como hobby ser intérprete para a Mercedes e a Auto Union quando eles iam para países de língua inglesa. Sempre que ia para a Inglaterra ficava em nossa casa. E naquele ano me levou à corrida. Fui no paddock e consegui ficar ao lado dos meus ídolos. Lembro que havia 80, 90 mil pessoas, o que para a época, era muito.

FOLHA - Qual a importância daquele GP para o esporte?
WALKER -
Ah, nunca havia existido nada como aquilo. A Auto Union e a Mercedes estavam anos-luz à frente dos outros. Os nazistas gastavam uma enorme quantidade de dinheiro para produzir carros porque acreditavam que um automóvel alemão vencer os Alfa Romeo e as Maserati seria bom para a imagem da Alemanha e especialmente dos próprios nazistas.

FOLHA - E o papel de Hitler?
WALKER -
Bem, ele não esteve naquela corrida, mas foi por causa dele e de seu interesse genuíno em carros... Ele encorajou a nação e as montadoras a se envolverem. Ele fazia pois acreditava que a raça alemã era superior às outras em tudo, inclusive nos esportes.

Texto Anterior: GP de Hitler na Inglaterra faz 70 anos e ainda rende
Próximo Texto: Espanhol: Barcelona goleia e Henry brilha
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.