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AÇÃO
Saquá Sweet Saquá
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Esse foi o título de uma matéria sobre Saquarema, RJ,
publicada na extinta revista
"Brasil Surf", em 1975. O texto de
Fedoca dissertava sobre aqueles
que se dedicavam de corpo e alma
ao surfe, ainda que à base de "pão
e água", apelido dado pelos moradores à tribo de surfistas que se
jogava na cidade àquela época.
Quase três décadas passadas,
Saquarema continua doce dentro
d'água, mas, em terra, amarga o
problema da violência. Assim como vem acontecendo no litoral
paulista, a bandidagem rola solta
na cidade que tem uma das melhores ondas do país.
Na semana passada, ao menos
na faixa que compreende a areia
e a arrebentação, tudo rolou tranquilo, e a quinta e decisiva etapa
do Super Surf foi emocionante.
Quando a prova teve início na
terça-feira, 13 atletas tinham
chances de conquistar o título da
17ª edição do Brasileiro. Dentre
esses, o então líder do ranking e
tricampeão brasileiro, Peterson
Rosa, era o favorito. Da Espanha,
onde disputava etapa do Mundial, veio correndo após a desclassificação na segunda fase. Veio
pilhado para ampliar seu recorde,
mas perdeu de cara. Saiu da água
socando a prancha, esbravejando
e foi embora do campeonato não
participando no sábado de uma
bateria de homenagem e confraternização que pretendia reunir
os 11 campeões nacionais. Oito
compareceram e desceram juntos
uma mesma onda, homenageando o público presente.
À medida que as fases evoluíam, candidatos ao título e à
VW Parati iam ficando no caminho. Até as quartas-de-final, só
quatro atletas ainda alimentavam esperanças. A essa altura, as
reclamações de julgamento aumentaram, e o clima entre juízes,
atletas e técnicos ficou tenso.
Na semifinal, Leonardo Neves,
defendendo a condição de campeão e local de Saquarema, não
decepcionou sua barulhenta torcida. Venceu, garantiu o bicampeonato, e o evento atingiu seu
clímax. Não faltaram fogos na
areia, ele foi carregado nos ombros, deu entrevistas para as TVs
e por pouco não perdeu a bateria
final quando foi pedalando até
em casa para buscar a parafina.
Melhor para Anselmo Correia,
que, com o atraso do rival -Léo
entrou na água sete minutos após
o início da final-, pavimentou o
caminho para a VW Saveiro, prêmio para o campeão da etapa.
Léo continuará em 2004 com a
lycra dourada, exclusiva do campeão nacional. Anteontem, completou 24 anos. Casado e pai de
dois filhos, seus planos agora incluem o ingresso no WCT, a primeira divisão do surfe mundial.
Nas últimas semanas, ele viu dois
de seus melhores amigos, Raoni
Monteiro e Eric Rebieri, garantirem esse ingresso. Eric, franco-brasileiro crescido no Rio, disputará o Tour pela França. Os três,
mais João Guttenberg, integram
um grupo denominado "Encabeça Geral", identificados por uma
tatuagem no braço. Frescuras à
parte, o time está quebrando.
À noite, no domingo, Léo já
voava para Florianópolis, onde,
como convidado, está disputando
a etapa brasileira do Mundial. No
vôo, que fez escala em São Paulo,
veio dormindo o sono dos justos.
Mundial de surfe 1
A vitória de Kelly Slater sobre Taj Burrow na nona etapa, em Mundaka (Espanha), fez crescer o interesse na etapa brasileira. Slater, Andy
Irons e Burrow embolam as primeiras posições.
Mundial de surfe 2
O Nova Schin Festival começou logo no segundo dia do período de
espera e já fez valer a condição de evento móvel. Na terça, as primeiras baterias foram disputadas na Silveira, Garopaba (SC), e ontem as
últimas baterias da primeira fase ocorreram na praia da Armação.
Mundial de surfe 3
Há 17 brasileiros na prova. Além dos nove que disputam a temporada, três wild cards e mais cinco atletas compõem o "time nacional".
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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