São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

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Brasileiro faz rodada do contragosto

DA REPORTAGEM LOCAL

Falta de vontade. Essa é a frase que caracteriza a 39ª rodada do Campeonato Brasileiro.
A morte do zagueiro Serginho fez com que atletas de São Paulo, Palmeiras e o técnico Tite, do Corinthians, se manifestassem a favor do cancelamento dos jogos da Série A neste fim de semana.
"A gente vai jogar pela obrigação. Não haverá prazer nenhum de estar em campo", declarou o volante palmeirense Magrão, que atuou com o zagueiro no São Caetano. "A força que vou usar para jogar é a lembrança dele [Serginho], de um cara que queria estar sempre em campo", completou o atleta, que interrompeu a entrevista coletiva chorando.
No São Paulo, o discurso também foi contra a realização das partidas. Para o técnico Emerson Leão, "faltou bom senso à CBF".
"A rodada deveria ser cancelada pelo nosso estado emocional", afirmou César Sampaio, que ao ver Serginho caído no gramado do Morumbi diz ter se lembrado do episódio com Ronaldo antes do final da Copa-98. "Achei que o Ronaldo ia morrer."
No Corinthians, apenas Tite, que comandou o São Caetano, mostrou-se a favor do cancelamento dos jogos. "Não deveria haver rodada, mas sim reflexão."
Outros, como o vice de futebol Antonio Roque Citadini, defenderam a realização. "A continuação é a melhor coisa para esquecer o que houve", disse.
Opinião semelhante tem o técnico santista Vanderlei Luxemburgo: "Não há como parar a rodada. Estamos todos tristes, mas sentimento é algo que deve estar dentro de cada coração".
No Rio, o Fluminense anunciou que vai jogar de luto. A diretoria decidiu homenagear Serginho depois de saber que o atleta era torcedor do time.
Virgílio Elísio, diretor do departamento técnico da CBF, disse que a realização da rodada -exceto o jogo São Caetano x Paraná- foi decidida após análise feita pela entidade. "O São Caetano só não está jogando pelo absoluto respeito à morte de um atleta."
A CBF determinou um minuto de silêncio antes dos jogos das Séries A, B e C. (EDUARDO ARRUDA, PAULO GALDIERI E TONI ASSIS)


Colaboraram a Sucursal do Rio e a Agência Folha

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