São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Leão critica a CBF e esquece o jogo
EDUARDO ARRUDA DA REPORTAGEM LOCAL O técnico Leão criticou a decisão da CBF de disputar apenas os 31 minutos restantes do jogo contra o São Caetano, interrompido na última quarta-feira aos 14min do segundo tempo devido à morte do zagueiro Serginho. Por isso, hoje, contra o Figueirense, às 20h30, em Florianópolis, não só o treinador, como seus comandados, entrarão em campo sob protesto. O incômodo é tanto que os são-paulinos se esqueceram do rival desta noite. A diretoria também. O vice-presidente de futebol do clube, Juvenal Juvêncio, telefonou para o vice da CBF, Nabi Abi Chedid, para tentar anular o jogo. Em vão. "Eu acho que está errado. Tem que anular o jogo. Quem decidiu isso está sentado atrás de uma mesa, não é do ramo. Nunca chutou uma bola. Estou há 41 anos no futebol e sei que isso não faz sentido", queixou-se Leão. "O ideal seria ter o jogo inteiro. Os primeiros 15 minutos são para o aquecimento psicológico do jogador. Depois, eles realmente começam a disputar a partida. Com apenas 31 minutos, o espetáculo vai logo acabar", afirmou. A CBF ontem confirmou a realização do restante do jogo para a próxima quarta-feira, às 20h30, no Morumbi. A entidade, mesmo sem artigo específico para o caso de morte de um atleta, enquadrou a situação nos artigos 14 e 15 do Regulamento Geral das Competições Organizadas pela CBF. O artigo 14 relata que o árbitro pode interromper jogo por falta de segurança e gramado ruim. O 15 permite a continuidade de partidas suspensas até o término do 29º minuto do segundo tempo. "A minha posição é técnica e apartidária. Eu entendo a reclamação do São Paulo. O Leão foi infeliz. Tanto sou do ramo que tomei a decisão correta. Aliás, não fui eu, foi a CBF. Ele tem que dizer, então, que a CBF não é do ramo", rebateu o diretor técnico da entidade que comanda o futebol brasileiro, Virgílio Elíseo. O técnico são-paulino disse estar confuso em relação ao regulamento, que obriga os clubes a escalarem para a seqüência do jogo os mesmos atletas de quando o confronto fora interrompido. "Muitas perguntas estão sem respostas. Teremos que jogar com a mesma formação que estava em campo na quarta-feira? Eu mesmo não sei como trabalhar para o jogo contra o Figueirense. E se algum dos meus jogadores se contundir? Não estou advogando em causa própria. Estou apenas pedindo igualdade de condições", declarou Leão. A CBF esclarece. "Se um atleta do São Paulo levar cartão vermelho contra o Figueirense, por exemplo, ele estará em campo contra o São Caetano", diz Elíseo. Mas e se um titular daquela partida se machucar hoje, em Santa Catarina? "Bem, o São Paulo nesse caso perderia uma substituição, mas vamos avaliar isso. É uma situação atípica", afirma o diretor da CBF. Contra o time do ABC, o São Paulo já tinha feito uma substituição (Jean no lugar de Nildo) das três permitidas, e o São Caetano não havia feito nenhuma. "É a primeira vez nos meus 18 anos de carreira que viverei uma situação dessas. Vamos ter que fazer uma preparação diferente para esta partida", disse o volante César Sampaio, que continuará no banco de reservas hoje. "Eu acho que deveria haver nova partida, até porque está 0 a 0", defendeu o goleiro Rogério, capitão são-paulino, que hoje completará 565 jogos pelo time do Morumbi e alcançará Poy como o segundo atleta a mais vezes vestir a camisa do clube. O primeiro é Valdir Peres, com 597 partidas. O Figueirense terá os retornos de Cléber e André Santos. Colaborou a Agência Folha Texto Anterior: Futebol: Santos tenta escapulir em campo "neutro" Próximo Texto: Equipe busca superar abalo emocional e tabu Índice |
|