TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

O utubro, mês de nascimento de gênios como Pelé, Maradona e Garrincha, é também o mês da criação oficial do futebol. Em 26 de outubro de 1863, após várias reuniões com muita cerveja e/ou uísque em um bar de Londres, foi criada a Federação Inglesa de Futebol.
Em 1872, aconteceu o primeiro jogo internacional, entre Inglaterra e Escócia. Só poderia terminar em 0 a 0. Nascia a retranca.
Há muitas hipóteses sobre o verdadeiro início do futebol.
A mais aceita é que começou na China, 2.000 anos atrás. Mesmo assim, os chineses ainda não aprenderam a jogar. Na Idade Média, o futebol teria chegado à Europa.
O futebol teria vindo para o Brasil em 1894, trazido por Charles Miller, que era filho de um inglês com uma brasileira. Ele era um centroavante, oportunista.
Outros contam uma história diferente. A descoberta do Brasil não teria sido por acaso. Cabral estava louco para jogar futebol e sabia que os índios eram bons de bola. Muito tempo atrás, os fenícios teriam introduzido o futebol no Brasil.
Ao avistar a terra, Cabral gritou: "Bola à vista". A tripulação desceu e marcou uma partida para depois da missa. Como os índios andavam nus, nasceu a pelada. Pero Vaz Caminha foi o árbitro. Dizem que roubou contra os índios. Aí começou tudo.
Após o jogo, Caminha escreveu para o rei Dom Manuel 1º: "Em se treinando, bom futebol dá". E deu mesmo. Deu Pelé, Garrincha, tantos craques, e agora dá Ronaldo, Kaká, Robinho, Adriano e Ronaldinho Gaúcho, que continua reinventando o futebol.
Mas o grande mistério é a razão de um time ter 11 jogadores. Há milhões de hipóteses. A mais racional seria que era 11 o número de cartolas que se reuniam no bar para falar de futebol. Foram eles que fundaram a Federação Inglesa.
Além do goleiro, teria também de ser um número par de jogadores. O ser humano sempre foi obcecado pelo equilíbrio, pela harmonia e pela simetria. Talvez ele seja assim para fugir das paixões, do imprevisto, do mistério e da finitude da vida.
A simetria está também nos esquemas táticos. O 4-4-2, que começou em 1966 com a seleção inglesa, é ainda o mais utilizado no mundo. São dois zagueiros, dois laterais, dois volantes, dois meias e dois atacantes. Tudo par, equilibrado e simétrico. Por isso, Parreira gosta tanto desse esquema, desde a Copa de 94.
Porém, de vez em quando, é preciso criar variações para surpreender e sair da mesmice. A repetição cansa e empobrece a criatividade.
A moda atual na Europa é jogar com um centroavante e dois atacantes pelas laterais (pontas), que também recuam para marcar. Além desses três, há quatro defensores e três no meio-de-campo (dois volantes e um meia ou um volante e dois meias). Podem chamar essas variações de 4-3-3, 4-2-1-3, 4-2-3-1 ou 4-5-1. Não faz diferença.
Quando a bola rola, os jogadores não param de correr, e desaparecem os números. Mas não se podem perder as referências. O conteúdo não sobrevive sem a forma. Entretanto, assim como os poetas e artistas recriam e embelezam o mundo, os craques alteram a forma.
"É preciso desformar o mundo." (Manoel de Barros)

Convocação
A convocação do Edmílson e a ausência do Renato sugerem que Juninho passa a ser o primeiro reserva do Zé Roberto e que Edmílson, por jogar bem de zagueiro e de volante, tenha grandes chances de ir à Copa.
Se o Júlio Baptista não estivesse contundido, seria convocado ele ou o Fred no lugar do Ronaldo? Como Fred ainda é reserva no time do Lyon, dificilmente terá chance de entrar na vaga do Ricardo Oliveira. Já Alex vai mesmo sobrar.

Evolução
O Corinthians, beneficiado pelos erros do árbitro, ganhou do Paysandu e está muito perto do título do Brasileiro.
O técnico Antônio Lopes, ao recuar o time para marcar no seu campo, diminuiu os espaços defensivos, e o time passou a utilizar muito mais e bem os contra-ataques com os velozes Tevez e Nilmar, além dos avanços de Rosinei e Gustavo Nery.
Isso não significa que a equipe deveria sempre jogar dessa forma. Há momentos em que é preciso pressionar o adversário.

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