São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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consolidação

Brasil tenta quebrar tabu no Mundial

Time de Zé Roberto, que não perde um torneio desde fracasso em Atenas-2004, busca obter título inédito no Japão

Geração de novatas que, sob o comando do técnico, já soma o maior número de ouros da história, estréia no evento contra Porto Rico

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O amargo gosto da pior derrota de sua carreira demorou a passar. Talvez ainda nem tenha totalmente desaparecido. Em 26 de agosto de 2004, sob seu comando, a seleção de vôlei perdeu a chance de buscar a inédita medalha de ouro nos Jogos de Atenas.
O marco negativo que o fez anunciar a saída do time, no entanto, acabou por servir de divisor de águas. Após seu maior fracasso, José Roberto Guimarães iniciou um projeto que tem como objetivo maior buscar o topo do pódio nos Jogos de Pequim, em 2008.
Mas, para isso, suas jogadoras precisam fazer uma escala a partir da madrugada de amanhã, às 2h, no Mundial do Japão. O primeiro rival é Porto Rico. Se quebrar o tabu e conquistar a primeira medalha de ouro para o país, o treinador pode consolidar a atual equipe como a mais bem sucedida geração do vôlei nacional.
Desde 2004, o Brasil não perde um campeonato -soma 10 vitórias seguidas. Em ouros, já guarda mais medalhas que o grupo anterior, que brilhou nos anos 90 com Márcia Fu, Ana Moser, Virna e cia e foi comandado pelo técnico Bernardinho.
"Se não ganhamos até hoje [um Mundial] foi porque ainda não havia chegado a nossa hora", afirma Zé Roberto.
E agora, o cenário mudou?
"Não gosto de falar sobre isso. Tenho meus pés no chão."
O Brasil tem como melhor resultado em Mundiais a prata de 1994, em São Paulo.
Para tentar mudar a cor da medalha, Zé Roberto montou um grupo com a sua cara.
Jogadoras da geração anterior perderam espaço. Novatas que haviam sido afastadas após o Mundial de 2002, que o Brasil disputou em meio a uma crise, voltaram e viraram pilares do time, como a oposto Sheilla.
E o treinador também radicalizou o discurso. A vaidade foi o primeiro alvo. Ele chegou a dizer que preferia que as atletas cortassem os cabelos porque eles poderiam atrapalhar. Convenceu o grupo a deixar crescer músculos cada vez maiores nos braços. Promoveu rodízio até ter certeza de que poderia contar com as 12 convocadas sem deixar o nível do time cair. "Acho que [esse time] é uma tranqüilidade para o futuro do vôlei brasileiro. São jogadoras que gostam de treinar, que têm se dedicado muito e isso ajuda bastante. Esse grupo realmente é especial", afirma o treinador.
Ele também teve de vencer seus fantasmas pessoais. Zé Roberto chegou a deixar a seleção e diz que demorou a sair de casa de cabeça erguida após a Olimpíada. Também sofreu ao ver as jogadoras do clube que comandava serem hostilizadas.
A medalha dourada no Mundial também é inédita na carreira do técnico. Com a seleção masculina campeã olímpica em Barcelona-1992, ele ficou na quinta colocação. Desde então, não havia revisitado o torneio.
"Não penso na marca individual. Quebrar o tabu para o Brasil é muito mais importante. Mas primeiro a gente tem que trabalhar para isso."


NA TV - Brasil x Porto Rico
Globo e Sportv, ao vivo, às 2h



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