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consolidação
Brasil tenta quebrar tabu no Mundial
Time de Zé Roberto, que não perde um torneio desde fracasso em Atenas-2004, busca obter título inédito no Japão
Geração de novatas que, sob o comando do técnico, já soma o maior número de ouros da história, estréia no evento contra Porto Rico
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O amargo gosto da pior derrota de sua carreira demorou a
passar. Talvez ainda nem tenha
totalmente desaparecido. Em
26 de agosto de 2004, sob seu
comando, a seleção de vôlei
perdeu a chance de buscar a
inédita medalha de ouro nos
Jogos de Atenas.
O marco negativo que o fez
anunciar a saída do time, no entanto, acabou por servir de divisor de águas. Após seu maior
fracasso, José Roberto Guimarães iniciou um projeto que
tem como objetivo maior buscar o topo do pódio nos Jogos
de Pequim, em 2008.
Mas, para isso, suas jogadoras precisam fazer uma escala a
partir da madrugada de amanhã, às 2h, no Mundial do Japão. O primeiro rival é Porto
Rico. Se quebrar o tabu e conquistar a primeira medalha de
ouro para o país, o treinador
pode consolidar a atual equipe
como a mais bem sucedida geração do vôlei nacional.
Desde 2004, o Brasil não perde um campeonato -soma 10
vitórias seguidas. Em ouros, já
guarda mais medalhas que o
grupo anterior, que brilhou nos
anos 90 com Márcia Fu, Ana
Moser, Virna e cia e foi comandado pelo técnico Bernardinho.
"Se não ganhamos até hoje
[um Mundial] foi porque ainda
não havia chegado a nossa hora", afirma Zé Roberto.
E agora, o cenário mudou?
"Não gosto de falar sobre isso. Tenho meus pés no chão."
O Brasil tem como melhor
resultado em Mundiais a prata
de 1994, em São Paulo.
Para tentar mudar a cor da
medalha, Zé Roberto montou
um grupo com a sua cara.
Jogadoras da geração anterior perderam espaço. Novatas
que haviam sido afastadas após
o Mundial de 2002, que o Brasil
disputou em meio a uma crise,
voltaram e viraram pilares do
time, como a oposto Sheilla.
E o treinador também radicalizou o discurso. A vaidade foi
o primeiro alvo. Ele chegou a
dizer que preferia que as atletas
cortassem os cabelos porque
eles poderiam atrapalhar. Convenceu o grupo a deixar crescer
músculos cada vez maiores nos
braços. Promoveu rodízio até
ter certeza de que poderia contar com as 12 convocadas sem
deixar o nível do time cair.
"Acho que [esse time] é uma
tranqüilidade para o futuro do
vôlei brasileiro. São jogadoras
que gostam de treinar, que têm
se dedicado muito e isso ajuda
bastante. Esse grupo realmente
é especial", afirma o treinador.
Ele também teve de vencer
seus fantasmas pessoais. Zé
Roberto chegou a deixar a seleção e diz que demorou a sair de
casa de cabeça erguida após a
Olimpíada. Também sofreu ao
ver as jogadoras do clube que
comandava serem hostilizadas.
A medalha dourada no Mundial também é inédita na carreira do técnico. Com a seleção
masculina campeã olímpica em
Barcelona-1992, ele ficou na
quinta colocação. Desde então,
não havia revisitado o torneio.
"Não penso na marca individual. Quebrar o tabu para o
Brasil é muito mais importante. Mas primeiro a gente tem
que trabalhar para isso."
NA TV - Brasil x Porto Rico
Globo e Sportv, ao vivo, às 2h
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