São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Maradona assume sob suspeita

Inexperiência e temperamento difícil são apontados como obstáculos para ídolo dirigir Argentina

Ex-camisa 10, que terá o auxílio de Bilardo, treinador campeão do mundo em 86, rechaça jogar como Dunga, que, diz, "dava botinadas"


ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

Se o Maradona jogador é "Deus" na Argentina, o Maradona novo treinador da seleção local é apenas mais um mortal que deve enfrentar as críticas de especialistas e torcedores que o têm como ídolo.
Diego Armando Maradona deve ser oficializado como novo técnico do time de seu país hoje, dia em que completa 48 anos, mas encontra bastante resistência desde anteontem, quando ele mesmo anunciou que assumirá o cargo.
Em uma votação no site do jornal "Clarín", 73,9% dos consultados afirmaram que não concordavam com a designação do ex-jogador, enquanto a decisão foi considerada "errada" por 72,64% dos leitores do jornal "La Nación" e "questionável" por outros 11,31%.
A falta de experiência é uma das principais críticas à opção por Maradona, já que apresentou maus resultados nas duas oportunidades que teve como técnico -dirigiu Mandiyú e Racing. Das 23 partidas em que atuou como treinador, ganhou três, empatou 12 e perdeu oito.
Mas Maradona debochou das críticas e de possíveis comparações com o técnico da seleção brasileira, Dunga, que tem sido bastante contestado, especialmente nos últimos meses.
"Acho engraçado que digam que não tenho experiência. Pode ser, mas eu tenho Carlos Bilardo me acompanhando e tenho mais de 20 anos na seleção", disse o craque ontem, em referência a Bilardo, técnico da seleção campeã do mundo em 86, que será seu manager.
"Se vou jogar como Dunga? Não, eu não jogo como Dunga. Dunga dava botinadas, e eu me esquivava", falou Maradona.
Outras críticas ao ex-jogador são relacionadas ao caráter imprevisível e pouco estável do ídolo, que foi pego no doping na Copa de 1994 e enfrentou problemas para se livrar do vício de drogas, teve doenças ligadas ao consumo de álcool e obesidade.
"Ele terá que pensar mais com a cabeça e menos com o coração. Conhecendo-o, sei que vai ser difícil", disse Tevez, do Manchester United, um dos queridinhos do novo treinador.
Se Maradona pode perder a aura de "mito", a responsabilidade é do presidente da AFA, a federação de futebol do país, Júlio Grondona. "Desde 79, eu queria que Maradona fosse técnico da seleção", disse ontem o dirigente a uma rádio local.


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