São Paulo, segunda-feira, 30 de novembro de 2009

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

E agora? Já era?

A CONVERSA no sábado de manhã, nos jardins do Parque Antarctica, reunia dois palmeirenses maiores de 40 anos.
Um deles, o historiador do Palmeiras, Jota Christianini: "A situação lembra o "já era" do Barbosa Filho", dizia. Em 1972, o Palmeiras perdeu para o São Paulo por 2 a 0 e dependia, na última rodada do quadrangular semifinal, de derrota são-paulina para o América, no Maracanã, e vitória palmeirense sobre o Coritiba.
"Na "Mesa Redonda" da TV Gazeta, Barbosa Filho disse que o Palmeiras já era. Mas o Palmeiras venceu por 3 a 0, e um gol de Mauro deu a vitória ao América contra o São Paulo", lembrava Christianini, na casa dos 60. Ao seu lado, mais jovem, um palmeirense mais reticente duvidou: "Você precisa entender que minha referência é outra. Eu sou da época da fila!"
O diálogo radiografou a alma palmeirense de duas gerações diferentes. Uma, que sempre acredita, viveu os anos 60 e 70. Hoje, tem mais a ver com o DNA são-paulino. O palmeirense é mais reticente hoje em dia. Quem se veste de verde sempre acredita no desastre. Quem veste tricolor nunca duvida da virada.
Mas houve, neste domingo, momentos de contraste. O gol do Palmeiras no início do jogo fez surgir a confiança. A virada do Goiás, no Serra Dourada, fez são-paulinos terem dúvida: "A gente não tem que se preocupar com os outros. Temos de ganhar o jogo", dizia André Dias, incrédulo, na saída para o intervalo.
O São Paulo não mudou taticamente. Também não se preocupou com o lado mais forte do rival, e Júnior César deu espaço de sobra para Vítor. O primeiro gol nasceu assim. O segundo, em uma jogada entre Vítor e Rithelly.
O Palmeiras mudou. Se não na alma angustiada, Muricy mexeu na parte tática. Escalou três meias e Vagner Love isolado na frente. Era um 4-2-3-1, como anunciou que poderia fazer logo na sua chegada. Deyvid pela direita, Diego Souza por dentro, Cleiton Xavier à esquerda. O time ganhou criatividade, mas faltava cobertura para os zagueiros.
Então, Muricy puxou Edmílson para líbero e manteve a vida para a última rodada.
Mas o velho Barbosa Filho diria já era tanto para o Palmeiras quanto para o São Paulo. Já era?

ABRIR O JOGO
Uma das falhas do São Paulo foi a falta de jogo pelos lados. Jean raramente chega à linha de fundo, missão para Júnior César. Com a preocupação com Vítor, mais difícil era chegar ao fundo. Faltou também Dagoberto, que abre um pouco mais a defesa rival. Ficaram o jogo pelo centro e as bolas paradas.

O CONTRA-ATAQUE
Incrível como o Flamengo é mais forte quando contra- -ataca. Como jogou contra o Atlético-MG como enfrentou o Náutico e no primeiro tempo contra o Corinthians. Os rubro-negros dos anos 80 conheceram uma equipe que decidia no Maracanã. Hoje, o Flamengo já perdeu 16 pontos dentro de casa.

A REDENÇÃO
A incrível trajetória de recuperação do Fluminense produziu a saída da zona de rebaixamento em uma rodada em que abandonou o sistema que vinha funcionando. Em vez de escalar os três zagueiros, o técnico Cuca preferiu rechear o meio de campo. Jogou com Diogo e Diguinho como volantes, Equi, Conca e Alan na linha de armadores. Foi o retorno do jeito de jogar que havia até o primeiro tempo contra o Cruzeiro, no dia 1º de novembro.



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