São Paulo, terça-feira, 30 de dezembro de 2008

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pé de igualdade

Mulheres já se fazem notar nos pelotões

Antes coadjuvantes, as atletas atualmente representam mais de 30% dos participantes das provas de rua de São Paulo

A crescente participação feminina nas corridas têm levado empresas a criarem circuitos exclusivos para elas e a investirem em regalias


Alexia Santi/Folha Imagem
Mulheres correm no parque da Água Branca, em SP, na antevéspera da Corrida de São Silvestre

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Elas eram exceções na linha de largada nas corridas de rua. Mas, nos últimos anos, têm ganhado seu espaço no pelotão geral e conquistado regalias.
Em 2008, as mulheres ultrapassaram 30% dos participantes das provas de rua do Estado, segundo dados da Federação Paulista de Atletismo (FPA).
"Há dez anos, as mulheres respondiam por 10% das nossas inscrições. Talvez nem isso", diz Armando Cunha, diretor-executivo da Corpore, responsável por levar quase 130 mil pessoas às ruas neste ano.
Com dados mais precisos dos que os da FPA, a Corpore vê, pelo quarto ano seguido, um crescimento do público feminino mais acentuado do que o masculino nos seus eventos.
A organizadora teve pequeno aumento, de 2,3%, no número de participantes em seus eventos em 2008. Nesse período, houve crescimento de 3,7% no número de mulheres, mais do dobro do incremento do masculino, que ficou em 1,7%.
Cunha também lembra que as mulheres já rivalizam com os homens em algumas corridas.
"Em provas com distâncias menores, como 4 km e 5 km, às vezes há mais gente no pelotão feminino que no masculino."
A São Silvestre, mais tradicional prova de rua do país, tenta se adequar aos novos tempos. A principal iniciativa foi aproximar a largada -anteriormente, a corrida feminina começava bem mais cedo.
No entanto, prova de 15 km e com altimetria desgastante -muitas subidas e descidas-, a São Silvestre ainda é pouco atrativa às mulheres. Segundo dados da organizadora Yescom, dos 20 mil participantes, apenas 16% são do sexo feminino.
Para Mário Sérgio Andrade Silva, técnico da assessoria esportiva Run & Fun, com 1.500 corredores, tal diferença técnica tende a acabar com o tempo.
"Nos EUA, as mulheres já são metade das participantes nas provas mais longas. Em janeiro, haverá a Maratona da Disney, que conta com público feminino maior do que o masculino."
No mercado norte-americano, apesar da crise econômica, foi lançada revista de corrida especializada para mulheres, além de equipamento esportivo e suplementos alimentares direcionados a elas.
"Na feira [da Maratona] de Chicago, encontrei suplementos femininos que tinham baixo teor calórico e dosagem maior de cálcio", relata Silva.
No Brasil, o treinador também contabiliza crescimento feminino em seus grupos de preparação. "Elas já são 38% dos atletas da equipe", conta.
De olho nesse mercado, as organizadoras já se mobilizaram para atrair esse novo público. Neste ano, houve a criação do Circuito Vênus, organizado pela Iguana, exclusivo às mulheres, com etapas nas cidades de São Paulo e Rio.
A Corpore instituiu o Espaço Mulher em suas provas, com vestiário e massagista. Já a JJS lançou competições de 5 km em seus eventos de 10 km.
"Na Santos Dumont [em 12 de outubro], dos mil inscritos nos 5 km, uns 60% eram mulheres", conta Renato José Elias, diretor da JJS Eventos.


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