São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

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caldeirão

Alemão joga sob pressão do Santos e de tribunal

Denúncia de contrato de gaveta entre clube e atleta será investigada pelo TJD

Após conversa com Emerson Leão, atacante afirma que sua mãe é quem denunciou o time, revela que quer ficar e é escalado contra o Barueri


RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No dia em que virou titular do Santos, para enfrentar hoje o Barueri, o atacante Alemão, 18, transformou-se em alvo do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) de SP. E jogará com a pressão de provar ao técnico Emerson Leão que o problema extracampo não o atrapalha.
Em vez de comemorar a vaga, ele disse que foi sua mãe, Maria Lopes, e não ele, quem assinou denúncia encaminhada à CBF contra o clube da Vila Belmiro. A advogada contratada pela mãe do jogador, Liliane Fermozelli, porém, afirma que foi Alemão quem assinou a acusação.
A denúncia de que o Santos o obrigou a assinar um contrato de gaveta (não registrado na federação), como revelou ontem a Folha, foi repassada pela CBF à Federação Paulista de Futebol. O clube tem cinco dias para se manifestar sobre o assunto. Segundo Marco Polo Del Nero, presidente da FPF, o tema deverá ir para o TJD.
"Não tomaremos nenhuma decisão antes de ouvir todos", disse o procurador do tribunal, Antônio Carlos Meccia. "Só posso dizer que, pelo código desportivo, o jogador não está isento por ser menor."
De acordo com a notificação enviada à CBF, o Santos forçou Alemão a assinar documento que seria registrado ao término de seu contrato formal, em julho de 2008. Pela denúncia, o acordo tinha data falsa, de quando ele era menor de idade.
O tribunal investigará se houve falsificação. Pelos artigos 234 e 235 da legislação esportiva, estão previstas suspensões entre 180 e 720 dias para quem falsificar (ou se utilizar da fraude), no todo ou em parte, um documento privado com fins desportivos. Como o contrato é de gaveta, não se sabe quem foi o dirigente do Santos que o assinou. A advogada afirma que os dois contratos têm diferença de 13 números em sua série da CBF, o que indicaria que foram assinados em datas próximas. "Assinei porque tem de assinar, mas, como eu era menor de idade, acho que assinei e minha mãe também", disse Alemão.
O jogador também viu-se em apuros na manhã de ontem, quando Leão pediu que ele dissesse a verdade aos jornalistas. "Normalmente, não deixo treinar o jogador que ataca o clube. Mas ele mostrou vontade de repetir o que o Tiago Luís fez", explicou o técnico, referindo-se ao jogador que saiu das categorias de base e fez um gol no Bragantino, na estréia.
"Abri exceção porque o senti inocente", completou Leão. Depois de ficar cara a cara com o treinador, foi a vez de Alemão enfrentar a imprensa.
"Queria deixar bem claro que não autorizei ninguém a fazer isso [a denúncia] e também não fui coagido a assinar o contrato. Eu amo o Santos. E quero ficar." Procurado, o advogado do clube Mário Mello não quis falar sobre o assunto.


Colaborou MARIANA CAMPOS, da Agência Folha, em Santos


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