São Paulo, terça-feira, 31 de março de 2009

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Preocupada, Ferrari quer clonar difusor polêmico

Diretor da equipe diz que componente não estaria pronto antes de Barcelona

Escuderia diz que, com a disputa pelo título de 2008, deixou de lado as pesquisas aerodinâmicas e não será fácil conseguir se recuperar

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MELBOURNE

Única das dez equipes da F-1 a não ver ao menos um de seus dois carros cruzar a linha de chegada do GP da Austrália, anteontem, a Ferrari já começa a pensar em alternativas para não ficar para trás das rivais nas próximas etapas do Mundial.
E, pela primeira vez, assumiu em público que "uma versão" do difusor usado por Brawn GP, Williams e Toyota está em seus planos, apesar de ainda esperar que o julgamento na Corte de Apelações da FIA, na terça-feira da semana que vem, o julgue fora do regulamento.
"Precisamos rever nossas prioridades, mas dificilmente estaríamos prontos para estrear [um difusor novo] em Barcelona [quinta prova, no dia 10 de maio]", afirmou Luca Baldisserri, diretor da Ferrari.
Anteontem, em Melbourne, a peça que provoca tanta polêmica foi a maior atração na formação do grid. Aldo Costa, diretor técnico da Ferrari, Adrian Newey, projetista da Red Bull, e até Nelson Piquet, que acompanhava o filho, tentaram espiar o difusor dos carros da Brawn antes da largada.
Localizado na traseira dos monopostos, o equipamento serve para dar mais estabilidade aos veículos, melhorando a pressão aerodinâmica.
Atenta, a equipe de Ross Brawn postou três mecânicos em cada modelo para esconder a peça com as pernas e evitar clones nas próximas corridas -a segunda etapa será realizada neste domingo, na Malásia.
"Tendo em vista as mudanças radicais nas regras e o fato de termos tido que nos concentrar na disputa pelo título até o fim em 2008, acabamos deixando nossos rivais com quatro ou cinco meses para fazer pesquisas aerodinâmicas", falou o dirigente ferrarista.
"A aerodinâmica é uma área em um carro de F-1 que equivale a cerca de 80% e na qual não vai ser fácil nos recuperarmos."
O motivo de preocupação da equipe se justifica. Felipe Massa abandonou na 46ª volta a corrida de anteontem com um problema em um dos componentes do sistema de direção.
Já seu companheiro, Kimi Raikkonen, após perder o controle do carro e tocar no muro, deixou a prova a três voltas do fim com o diferencial avariado.
Foi o pior começo de temporada da equipe de Maranello desde 1992, quando a dupla Jean Alesi e Ivan Capelli não terminou o GP da África do Sul, abertura daquele Mundial, por problemas nos motores.
Em 2008, mesmo não tendo completado a corrida australiana, Raikkonen "herdou" a oitava colocação depois que Rubens Barrichello, à ocasião na Honda, foi punido por fazer seu pit stop com o safety car na pista. Naquele GP, só sete carros receberam a bandeirada.
Anteontem, porém, o número foi maior: 13 pilotos completaram a etapa de abertura da F-1. A Brawn (ex-Honda), que fazia sua estreia na categoria, conquistou a dobradinha com Jenson Button e Rubens Barrichello em primeiro e segundo lugares, respectivamente.
O campeão Lewis Hamilton, que largou em último no grid por ter trocado a caixa de câmbio de seu McLaren, teve sorte e completou a prova em quarto, com um carro nitidamente pior que o da concorrência.
O piloto inglês, no entanto, ganhou a terceira colocação mais tarde, já que Jarno Trulli, da Toyota, foi punido por ter ultrapassado Hamilton durante o período do safety car.


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