|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Conmebol e Brasil torcem pelo "6+5"
Dirigentes sul-americanos apostam na inovadora regra da Fifa para controlar o grande êxodo de atletas para a Europa
Caso a regra venha a ser de fato implementada, Ricardo Teixeira teria, enfim, uma ferramenta para deixar o Brasileiro menos esvaziado
DA REPORTAGEM LOCAL
Se há um continente que deu
todo o respaldo para a Fifa na
aprovação da regra ""6+5", esse
é a América do Sul. E, se há um
país que conta muito com esse
limite de estrangeiros nos times europeus, esse é o Brasil.
Ricardo Teixeira, presidente
da CBF e membro do Comitê
Executivo da Fifa, tem buscado
nos últimos anos alternativas
para combater o êxodo enorme
de atletas brasileiros para o exterior, em especial a Europa.
O dirigente brasileiro, assim
como outros cartolas sul-americanos, como Marco Polo del
Nero, presidente da Federação
Paulista de Futebol, deram respaldo ao projeto de Joseph
Blatter, o presidente da Fifa.
""Estamos totalmente de
acordo [com o ""6+5"]. Queremos defender as seleções e os
clubes para que tenham o patrimônio que lhes correspondem", diz Eduardo Deluca, secretário-geral da Conmebol.
Além de brasileiros, há grande êxodo de jogadores argentinos para outros continentes.
""Somos contrários a essas
seleções que se armam com jogadores estrangeiros, assim como os clubes, que praticamente são formados por futebolistas de outros países. Creio que
se perde a identidade tanto regional, no caso dos clubes, como nacional, no caso das seleções", disse Deluca, que falou
como os sul-americanos se fecharam em torno da questão.
""Em reunião anterior, entramos totalmente de acordo com
a ""6+5" e decidimos apoiar sua
implementação. A Uefa [entidade que rege o futebol europeu] está em uma posição um
pouco mais intransigente que a
nossa", disse Deluca, ontem.
Ricardo Teixeira, que tem
bancado o Brasileiro de pontos
corridos, não havia achado
dentro do país mecanismo eficiente para brecar a venda de
atletas. Praticamente todos os
times negociam jogadores no
meio e no fim do ano, e o Brasileiro fica bastante esvaziado.
Com o limite de cinco estrangeiros por time, haveria uma
tendência de redução na compra de sul-americanos. Mas a
rusga da Fifa com a União Européia, em especial, não dá garantia ainda para a Conmebol e
a CBF de que o cenário exportador atual será alterado.
Outro problema ainda para a
efetivação da ""6+5" é a avalanche de naturalizações de atletas
sul-americanos. Os principais
clubes europeus já têm uma série de operações para obter
passaportes comunitários para
atletas de outros continentes.
Por exemplo, fazem a mudança
dos pais de jovens atletas para o
país e criam lá algum vínculo
trabalhista para a família.
Mesmo com a aprovação do
limite de estrangeiros, a Fifa
precisaria controlar também,
como planeja fazer, essas ""naturalizações tortas" em massa.
Na Europa, nem todo mundo
foi contrário à aprovação da regra ""6+5". Em alguns países
com ligas nacionais fortes, a invasão estrangeira acabou tirando espaço dos jogadores locais
-casos de Espanha e Itália. Alguns sindicatos e alguns atletas
já apóiam o inovador projeto.
Theo van Seggelen, secretário-geral da FIFPro, sindicato
mundial de atletas, disse que é
preciso buscar ""todos os meios
possíveis" para ""conseguir os
objetivos da regra "6+5". ""A
carreira de um jogador profissional se completa só quando
ele joga por um clube por pelo
menos um par de anos. Preferimos que seja no clube que o formou", afirmou Van Seggelen.
Philippe Piat, presidente da
divisão européia da FIFPro, dá
um alerta, no entanto: ""Apesar
de apoiarmos os objetivos da
6+5, sabemos que é uma medida ilegal".0
(RODRIGO BUENO)
Com agências internacionais
Texto Anterior: Fifa aprova "6+5" e peita assim a União Européia Próximo Texto: Copa: Blatter aponta o Mundial de 2018 para a Europa e já apressa 2022 Índice
|