São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

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Conmebol e Brasil torcem pelo "6+5"

Dirigentes sul-americanos apostam na inovadora regra da Fifa para controlar o grande êxodo de atletas para a Europa

Caso a regra venha a ser de fato implementada, Ricardo Teixeira teria, enfim, uma ferramenta para deixar o Brasileiro menos esvaziado

DA REPORTAGEM LOCAL

Se há um continente que deu todo o respaldo para a Fifa na aprovação da regra ""6+5", esse é a América do Sul. E, se há um país que conta muito com esse limite de estrangeiros nos times europeus, esse é o Brasil.
Ricardo Teixeira, presidente da CBF e membro do Comitê Executivo da Fifa, tem buscado nos últimos anos alternativas para combater o êxodo enorme de atletas brasileiros para o exterior, em especial a Europa.
O dirigente brasileiro, assim como outros cartolas sul-americanos, como Marco Polo del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol, deram respaldo ao projeto de Joseph Blatter, o presidente da Fifa.
""Estamos totalmente de acordo [com o ""6+5"]. Queremos defender as seleções e os clubes para que tenham o patrimônio que lhes correspondem", diz Eduardo Deluca, secretário-geral da Conmebol.
Além de brasileiros, há grande êxodo de jogadores argentinos para outros continentes.
""Somos contrários a essas seleções que se armam com jogadores estrangeiros, assim como os clubes, que praticamente são formados por futebolistas de outros países. Creio que se perde a identidade tanto regional, no caso dos clubes, como nacional, no caso das seleções", disse Deluca, que falou como os sul-americanos se fecharam em torno da questão.
""Em reunião anterior, entramos totalmente de acordo com a ""6+5" e decidimos apoiar sua implementação. A Uefa [entidade que rege o futebol europeu] está em uma posição um pouco mais intransigente que a nossa", disse Deluca, ontem.
Ricardo Teixeira, que tem bancado o Brasileiro de pontos corridos, não havia achado dentro do país mecanismo eficiente para brecar a venda de atletas. Praticamente todos os times negociam jogadores no meio e no fim do ano, e o Brasileiro fica bastante esvaziado.
Com o limite de cinco estrangeiros por time, haveria uma tendência de redução na compra de sul-americanos. Mas a rusga da Fifa com a União Européia, em especial, não dá garantia ainda para a Conmebol e a CBF de que o cenário exportador atual será alterado.
Outro problema ainda para a efetivação da ""6+5" é a avalanche de naturalizações de atletas sul-americanos. Os principais clubes europeus já têm uma série de operações para obter passaportes comunitários para atletas de outros continentes. Por exemplo, fazem a mudança dos pais de jovens atletas para o país e criam lá algum vínculo trabalhista para a família.
Mesmo com a aprovação do limite de estrangeiros, a Fifa precisaria controlar também, como planeja fazer, essas ""naturalizações tortas" em massa.
Na Europa, nem todo mundo foi contrário à aprovação da regra ""6+5". Em alguns países com ligas nacionais fortes, a invasão estrangeira acabou tirando espaço dos jogadores locais -casos de Espanha e Itália. Alguns sindicatos e alguns atletas já apóiam o inovador projeto.
Theo van Seggelen, secretário-geral da FIFPro, sindicato mundial de atletas, disse que é preciso buscar ""todos os meios possíveis" para ""conseguir os objetivos da regra "6+5". ""A carreira de um jogador profissional se completa só quando ele joga por um clube por pelo menos um par de anos. Preferimos que seja no clube que o formou", afirmou Van Seggelen.
Philippe Piat, presidente da divisão européia da FIFPro, dá um alerta, no entanto: ""Apesar de apoiarmos os objetivos da 6+5, sabemos que é uma medida ilegal".0 (RODRIGO BUENO)

Com agências internacionais


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