São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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copa-2014

Fifa anuncia hoje sedes e futuros elefantes brancos

Consultoria diz que várias cidades não fizeram estudo de viabilidade dos estádios

Em evento em Nassau, nas Bahamas, entidade que comanda o futebol divulga as 12 capitais que irão receber partidas do Mundial

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A NASSAU

A Fifa anunciará oficialmente hoje, às 15h30 (de Brasília), as 12 cidades brasileiras escolhidas para receber jogos da Copa do Mundo de 2014. A reboque, estádios fadados a se tornarem elefantes brancos.
O anúncio, em Nassau, nas Bahamas, revelará um cenário com várias cidades de pouca representatividade no futebol.
Com a elite dos clubes concentrada no Sul e no Sudeste, haverá seis ou sete arenas caras erguidas em outras regiões do país. Sem times fortes economicamente, essas capitais devem ver problemas no futuro.
Cientes da ameaça, a maioria dos projetos das cidades candidatas prevê shoppings centers, complexos esportivos e espaços para shows, entre outros itens. Argumentam que, assim, os estádios vão se pagar.
A estratégia, porém, é vista com descrença pela consultoria PricewaterhouseCoopers.
Contratada pela Abdid (Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base), a empresa foi responsável por estudo da infraestrutura das 17 capitais candidatas a sediar a Copa-2014 que será usado pelo governo federal como referência para planejar o evento.
"Coloco um show, um shopping center, coloco isso ou aquilo e gero receita. Não é bem desse jeito que funciona", ressalvou o consultor da Price Maurício Girardello, que analisou projetos relacionados ao Mundial. "Existe uma série de outras coisas a considerar. Tem que fazer uma análise de mercado. Um estudo de viabilidade, o que é sofisticado..."
O consultor acredita que a maioria das cidades não fez estudo de pré-viabilidade dos estádios, embora não tenha certeza sobre o dado. Ou seja, não foi analisado se há potencial econômico na população para explorar os espaços comerciais, para shows e para o futebol.
Para Girardello, em geral, onde não há futebol forte também é difícil existir força econômica para custear outros eventos. Em um dos Estados, o qual não revela, os especialistas da Price fizeram um projeto de exploração alternativa do estádio, fora o futebol. "No mês que executamos, deu prejuízo."
Nos bastidores, a CBF reconhece que a maioria dos projetos dos estádios é ainda um esboço, o que significa que não tem pronto dados essenciais de viabilidade e de estrutura.
Por isso, em encontro no próximo dia 8, no Rio, a Fifa e Comitê Organizador Local vão apontar o que dá para seguir e o que não é viável nos projetos escolhidos. A CBF promete que eles terão até agosto para abrir licitação em busca de PPPs (parceria público-privadas) e concessão de estádios, o que poderia antecipar as obras.
"O meu já estaria pronto para lançar a licitação porque já é um projeto inteiro", afirmou o presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal, Fábio Simão, apoiado pela CBF.


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