São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 2011 |
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A Fifa arde Jérôme Valcke, homem forte da Copa no Brasil, admite envio de e-mail em que fala em "compra" da Copa-22, mas diz ter usado tom leve e informal RODRIGO MATTOS ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE Homem forte da Copa-14, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, foi tragado ontem para dentro do escândalo de corrupção na entidade. O caso reforçou ainda mais suspeita sob a escolha do Qatar para o Mundial-2022. Explica-se: Valcke escreveu um e-mail ao membro do Comitê-Executivo da entidade Jack Warner em que diz que o país árabe "comprou" a realização do evento. O documento foi revelado pelo próprio Warner, após ele ter sido suspenso do comitê, acusado de corrupção. Atualmente, o cartola se tornou opositor do presidente Joseph Blatter, chefe e aliado do secretário-geral. "Em relação a Mohamed bin Hammam [ex-candidato de oposição a Blatter], eu nunca entendi porque ele estava concorrendo. Se ele realmente achava que tinha uma chance ou está só demonstrando de uma forma expressa o quanto ele não gosta de Blatter. Ou ele acha que pode comprar a Fifa como ele comprou a Copa", diz o texto. Também suspenso, Bin Hammam foi o líder da candidatura do Qatar. Vídeos, imprensa e políticos ingleses mostraram indícios de que o país comprou votos para vencer em dezembro de 2010. Ontem, Fred Lunn, vice da federação de Bahamas, divulgou na internet fotos de envelope pardo com US$ 40 mil que teria recebido de "presente" de Bin Hammam. Valcke confirmou a veracidade do e-mail. Mas afirmou que não acusou o país de obter votos de forma irregular. Disse que usou uma linguagem mais leve, de e-mails, em tom mais informal. "Quando falo da Copa de 2022 no e-mail, o que eu quero dizer é que a candidatura vencedora usou força financeira para lutar por apoio", afirmou em sua declaração. Blatter tentou apagar o incêndio, novamente negando influências escusas na escolha do Qatar. "Não vejo problema com 2022. Acho que a decisão que tomamos foi do mesmo padrão da de 2018 [a Rússia venceu a disputa]." Seu subordinado Valcke ainda é acusado por opositores de influenciar o trabalho do Comitê de Ética da Fifa, que puniu Bin Hammam e inocentou Blatter. Teoricamente, o órgão é independente da cúpula da entidade. Isso porque, no domingo, ele deu coletiva ao lado do presidente do comitê, Petrus Damaseb, e revelou conhecer partes da investigação. "Tenho a impressão desde o início de que os resultados foram definidos com influência de Valcke, como ficou evidente na entrevista", disse Bin Hammam em seu site. Mais uma vez, o secretário--geral da Fifa rebateu. "É inteiramente incorreto (...) dizer que tenho influência no Comitê de Ética." Os ataques a Valcke têm como alvo Blatter. O secretário-geral se tornou o executivo de fato da Fifa. Por isso, é maior crítico do Brasil-2014. Ele foi salvo pelo presidente após ser chamado de mentiroso por juiz dos EUA em processo contra a Fifa. Os dois cartolas costumam estar juntos em entrevistas, e Valcke protege o presidente de perguntas duras. Ontem, ele deixou Blatter só. Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Presidente diz não haver crise, só dificuldades Índice | Comunicar Erros |
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