São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2008

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Máscaras antipoluição causam dilema no remo

COB fornecerá equipamento a esportistas brasileiros sensíveis ao ar de Pequim

Atletas até apreciam medida, mas Thiago Gomes, do skiff duplo peso leve, diz que é "frescura" e prefere não usar aparato em treinos ou prova


DOS ENVIADOS A PEQUIM

Camiseta, bermuda, remo e... máscara de carvão ativado, proteção contra a poluição.
A última peça faz parte do equipamento levado pelo Comitê Olímpico Brasileiro a Pequim, sede da Olimpíada. A entidade vinha evitando o polêmico tema da poluição chinesa.
Entre os integrantes da equipe do remo, primeira modalidade brasileira a adentrar na Vila Olímpica, Thiago Gomes (skiff duplo peso leve) sofre de bronquite, e exames detectaram que Fabiana Beltrame (skiff simples) apresenta sensibilidade a metais pesados.
""O COB irá disponibilizar máscaras para todas as modalidades. No nosso caso, ainda vamos testar os efeitos da poluição sobre os atletas e se eles se adaptam às máscaras em treinos e provas", diz Júlio Noronha, chefe da equipe de remo.
Todos os testes com a delegação foram realizados ainda no Brasil pela rede Cenesp, vinculada à Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte.
Os remadores consideram a iniciativa bem-vinda, mas preferem utilizá-la, se necessário, apenas quando não estiverem treinando ou competindo. A idéia de carregar mais um apetrecho durante as competições parece não animá-los.
"Acho uma frescura. Imagina correr a prova de máscara?", questiona Gomes, que aguarda autorização do controle antidoping para usar um broncodilatador em Pequim.
"Por enquanto, não tive nada. Se acontecer algo, vou para a piscina. Controlo a bronquite com apnéia e controle emocional", conta ele, que ainda não teve acesso à máscara, mas se surpreende com a poluição, visível em Pequim.
"À noite, olhei para o céu e não dá para ver nenhuma estrela. E esse céu cinzento durante o dia assusta", conta o remador.
O COB, que, até o início do ano minimizava os efeitos da poluição local sobre os esportistas, agora adota discurso mais cauteloso. ""As máscaras de carvão ativado serão utilizadas, mas somente se houver necessidade clínica comprovada", diz João Grangeiro Neto, chefe médico da delegação nacional.
"O objetivo de trazer as máscaras foi tomar uma atitude pró-ativa para melhor atender os atletas brasileiros, mas isso não significa que elas serão utilizadas", acrescentou ele.
Apesar de, em março, o COB ter dito que a poluição de Pequim não exigia cuidados especiais, foi enviada aos chefes de equipe uma lista de medidas para os atletas evitarem os efeitos da poluição, que vão desde o consumo de ômega 3, passando pelo treinamento muscular inspiratório, até a exposição à altitude -real ou simulada.
""O comitê organizador dos Jogos tomou providências que claramente melhoraram a qualidade do ar da cidade nos últimos meses. Por meio dos exames já citados, notamos a necessidade de tomar tais providências", comentou o médico do COB.0 (ADALBERTO LEISTER FILHO E EDUARDO OHATA)


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